sábado, 26 de janeiro de 2013

TÓPICOS DIVERSOS SOBRE GENIALIDADE E SUPERDOTAÇÃO


Blog “Genialidade e Superdotação”, de autoria de Superdotado Álaze Gabriel.


 

SUPERDOTAÇÃO NÃO É O MESMO QUE GENIALIDADE


Normalmente associado à figura do gênio ou da criança precoce, o superdotado é antes de mais nada uma pessoa com habilidades acima da média em alguma área (não necessariamente muito superior à média). Essa habilidade pode se manifestar de diversas formas e necessita de estímulo para se desenvolver.

Um superdotado não precisa necessariamente ser alguém com aptidão apenas para as áreas acadêmicas. As artes e as atividades esportivas também revelam seus ‘gênios’, como Leonardo da Vinci e Pelé.

Mas não se deve confundir. Nem todo superdotado é um gênio. Atualmente, existe um consenso entre psicólogos e educadores de que o superdotado não precisa ser bom em tudo. Ele pode, inclusive, ter rendimento abaixo da média em determinadas áreas. O fato de ter habilidades surpreendentes em áreas específicas, mas não ser necessariamente brilhante em tudo é o que diferencia o superdotado do gênio.

Como nem todo superdotado apresenta um bom rendimento na escola, seu potencial pode passar despercebido por pais e professores. Ou pior, seu comportamento pode ser confundido com desinteresse pelos estudos e mesmo hiperatividade.



DICAS PARA O DIAGNÓSTICO DA SUPERDOTAÇÃO


Superdotação: Seu filho tem esse dom?


Extrema facilidade para aprender coisas novas, curiosidade intensa, raciocínio rápido, habilidades surpreendentes. Estas são apenas algumas das características da superdotação, que faz parte da personalidade de 1% da população brasileira, ou 380 mil crianças em idade escolar. O assunto é polêmico, pois confunde pais e professores, que não sabem identificar nem lidar com a situação. Por causa disso, muitas vezes essas crianças podem desenvolver problemas de relacionamento e de auto-estima. Saiba como descobrir se seu filho é superdotado e o que fazer para que ele seja devidamente valorizado e estimulado.


Características


Diferentemente do que se imagina, superdotação não é sinônimo de genialidade ou capacidade de tirar nota máxima em tudo. As pessoas que possuem esse dom apresentam habilidades visivelmente diferenciadas da maioria das pessoas da sua idade, e isso vai além de um bom desempenho nos estudos. Tais potencialidades podem ser conferidas nos mais diversos campos, como música, arte, linguagem falada ou escrita, raciocínio abstrato e memória, por exemplo. E os sinais mais freqüentes disso podem ser detectados pelo alto grau de motivação e curiosidade, grande interesse por um determinado assunto, elevado empenho pessoal e criatividade no desempenho de uma tarefa. E essa capacidade de desenvolvimento é que torna um indivíduo notável em alguma atividade escolhida por ele.

Diante de uma criança ou um adolescente com todas essas características, os pais se perguntam: será que meu filho é superdotado? Para descobrir a resposta, é necessária muita observação. “A identificação não deve ser feita com base apenas no rendimento escolar, em testes de QI ou relatos de algum tipo de comportamento ocorrido em uma fase específica da vida. É preciso também contar com a opinião de várias fontes, como professores, colegas de escola ou de trabalho, amigos da vizinhança. Mas a opinião de psicólogos e psicopedagogos também precisa ser considerada”, observa a educadora e psicóloga da educação Marsyl Mettrau.


Genialidade versus superdotação


Mesmo assim, ainda existem muitas dúvidas quanto à diferença entre superdotação, genialidade e hiperatividade. Gênios, segundo a professora Marsyl, são pessoas cujos níveis de produção, criação e invenção alteram uma idéia, concepção ou julgamento vigente e aceito em sua época. Por serem inovadores, muitas vezes eles não são compreendidos durante suas vidas, pois suas idéias e invenções estão muito à frente de seu tempo. Já o comportamento enérgico dos superdotados leva a crer que eles também sofram de hiperatividade, mas esta é uma idéia equivocada. “Às vezes, eles apresentam um quadro de desatenção devido ao seu pensamento divergente, e não necessariamente por dificuldade de concentração. É bastante comum as crianças superdotadas se mostrarem desatentas porque estão entediadas”, ressalta Marsyl.
Isso ocorre porque o pensamento delas está muito à frente dos coleguinhas e, com isso, elas não se sentem estimuladas nem atraídas pelos mesmos assuntos que eles. A precocidade, que muitos apontam como um sinal de superdotação, também não tem nada a ver com a história. Algumas crianças começam a mostrar talentos muito cedo, porém esse comportamento pode passar ou se reduzir com o passar das etapas de desenvolvimento. Isso não significa, entretanto, que a criança mais tarde venha a revelar algum traço de genialidade no futuro.


A importância do estímulo


Para algumas crianças superdotadas, o ambiente escolar costuma ser um verdadeiro estorvo. Como se destacam entre os colegas, elas costumam ser ridicularizadas e incompreendidas. Isso é natural, por causa de diferenças de interesses, capacidade de compreensão ou maturidade intelectual. Essa situação ainda tem um lado bastante negativo: para tentar se encaixar na média e evitar o sentimento de frustração, muitos superdotados acabam por se anular. E quanto maior for o grau de superdotação, mais complicada se torna a relação do indivíduo com outras pessoas de sua faixa etária. Dentro desse contexto, a presença e a participação dos pais e professores é de grande importância. Aos educadores, cabe a missão de encontrar formas de entreter os alunos e fazê-lo desenvolver ao máximo suas habilidades, pois eles sentem falta de atividades desafiadoras. Quanto mais criativo, complexo e profundo for o currículo escolar, melhor.

Em casa, o superdotado deve ser sempre estimulado e tratado com naturalidade. Se os pais ignoram a superdotação, a criança sai prejudicada e ainda pode desenvolver problemas sociais e emocionais, como supersensibilidade, sentimento de inadequação e perfeccionismo. “A completa aceitação por parte dos pais nem sempre acontece. A criança deve ser premiada ou corrigida quando necessário, mas também amada e respeitada por suas características”, sublinha Marsyl.


Os riscos da inadequação


Crianças superdotadas crescem e, obviamente, levam suas habilidades para a idade adulta. Porém, nem sempre fazem sucesso no mercado de trabalho. “Mesmo sendo competentes, os superdotados nem sempre são os mais apreciados e aceitos no grupo social. Em alguns casos, eles também não conseguem viver em harmonia com a chefia ou os colegas de trabalho. Costumam tecer comentários verdadeiros, porém considerados impróprios. Também discordam e apresentam discordâncias, tanto nos aspectos formais quanto legais e, às vezes, de forma veemente e insistente”, aponta a psicóloga.

Mesmo com essas características, os superdotados costumam ter um bom desempenho em suas funções. Segundo Marsyl, são bons líderes e envolvem seus companheiros em seus pontos de vista, tal como faziam em suas brincadeiras de criança. São, também, muito empreendedores e envolvidos quando estão motivados, o que resulta em colaboração e participação intensas. Esse lado positivo, diz ela, precisa ser estimulado desde a infância. “Trata-se de uma questão de inclusão, de aceitação e entendimento das diferenças individuais. Crianças ou adultos, os superdotados podem apresentar comportamentos diferenciados que se mantêm, muitas vezes, ao longo da vida. Quando amados e respeitados, eles se sentem seguros para lidar com o mundo à sua volta”, finaliza.



GENIALIDADE E SUPERDOTAÇÃO SEGUNDO A VISÃO ESPÍRITA


Entre muitos indícios que sugerem ser verdadeira a teoria reencarnacionista, existem doisque agruparemos aqui pelo seu especial e comum aspecto: a precocidade infantil e a genialidade. Muito se tem escrito a respeito dos seres superdotados. Alguns autores afirmam que, em termos de saúde, já na infância e adolescência essas crianças apresentam uma saúde melhor do que seus colegas da mesma faixa etária, sendo também mais ajustados social e emocionalmente, o que equivale a dizer mais resistentes aos choques e traumas psíquicos. Vamos tentar definir o que é precocidade.


Precocidade e genialidade


Considera-se a criança como incluída nesta qualificação quando a mesma se distingüe pelo desenvolvimento das faculdades e capacidades de uma forma nitidamente prematura, comparando-a aos devidos padrões mínimos e máximos da média esperada. Como genialidade, entende-se uma capacidade mental criadora em altíssimo grau e muito acima dos níveis intelectuais considerados normais. Existe ainda a designação gênios-precoces, referindo-se à crianças que prematuramente apresentam criações mentais em nível de gênios. Existe também o termo crianças-prodígio, que se refere tanto à precocidade, à genialidade ou à associação de ambas as qualidades.

Vamos citar alguns exemplos: Wolfgang Amadeus Mozart, nascido em 1756, aos 4 anos de idade era capaz de executar uma sonata ao piano. Aos 5, começou a compor minuetos e outras peças musicais. Aos 8 anos, já compunha uma ópera. Era comum, à época, o comentário de que seu talento e porte tão amadurecidos não poderiam lhe proporcionaruma vida de longevidade. Tocava também outros instrumentos e é considerado hoje um dos maiores gênios precoces do mundo.


Pascal e outros gênios


Blaise Pascal, nascido em 1623, foi um célebre cientista francês. Bem cedo mostrou seu talento na área da Matemática. Pascal aprendeu geometria sozinho, descobrindo, aos 11 anos, um novo sistema geométrico. Ao completar 12 anos, escreveu um livro na área da física, sobre acústica. Aos 17 anos, alcançou entre os matemáticos um enorme sucesso com sua obra Essai pour les coniques. William Hamilton começou a falar a língua hebraica aos 3 anos de idade e, aos 7, foi declarado membro do Trinity College, em Dublin, Irlanda, tendo demonstrado nessa idade conhecimentos mais profundos do que a maior parte dos candidatos ao magistério. Com 13 anos, já falava 13 línguas clássicas e modernas. Aos 18 anos, já era considerado o maior matemático da Grã-Bretanha. Em 1953, uma criança italiana, Gianella de Marco, conduziu a orquesta Filarmônica de Londres no Albert Hall e tinha apenas 8 anos. Francis Bacon (1561- 1626), nascido em Londres, começou a cursar a Universidade de Cambridge logo aos 12 anos. Aos 15, ingressou no Gray’s Inn (Fórum), onde foi admitido como advogado. Leibnitz, aos 8 anos, sem ter tido mestre, falava o Latim e, aos 12, grego.

Gauss, aos 3 anos, resolvia alguns problemas de matemática. Trombetti, que conhecia entre línguas e dialetos perto de 300, já falava, aos 12 anos, além de sua língua natal, o alemão, o francês, o latim, o grego e o hebraico. O famoso engenheiro sueco Ericsson, aos 12 anos de idade, era inspetor no canal marítimo de Suez e tinha sob suas ordens 600 operários.  Léon Denis cita em seu livro ‘O Problema do Ser do Destino e da Dor’ um caso apresentado no Congresso Internacional de Psicologia de Paris, em 1900, pelo Professor Charles Richet. Era o caso de um menino espanhol de 3 anos de idade, chamado Pepito Arriola, que tocava de improviso ao piano árias variadas,muito ricas em sonoridade.


Alguns casos no Brasil


Em 1952, os jornais e revistas muito se ocuparam de duas crianças. A primeira, Francisco Dorimar Arrais, cearense residente no Rio de Janeiro, se intitulava anatomista aos 7 anos, apresentando profundo conhecimento de Biologia, Física, Química e outras ciências. A segunda foi o capixaba Napoleão Luís de Oliveira, possuidor de duas medalhas de ouro obtidas em programas de Rádio por revelar invulgares conhecimentos de Belas Artes, História do Brasil etc. Na Austrália, uma menina de 6 anos de idade, de nome Renée, filha do Rev. Jack Martin, fez um sermão de mais de uma hora perante cerca de 1200 pessoas. Também cantou em russo e chinês, idiomas que ninguém lhe ensinara. Na França, uma criança de 8 anos de idade escrevia cartas admiráveis e poemas deliciosos e, com essa idade, publicou o seu primeiro livro. Minou Drouet, em 1955, foi testada por literatos, religiosos e cientistas.

Napoleão aprendeu a ler antes dos 5 anos e, aos 7, já organizava grupos de pequenos colegas, com os quais simulava batalhas. Miquelângelo, já era um magistral artista aos 12 anos. Voltaire aprendeu a ler aos 3 anos. Balzac, aos 8 anos, já compunha pequenas comédias. Young, o descobridor da teoria ondulatória da luz, lia aos 2 anos de idade com muita facilidade e, aos 4, já havia lido a Bíblia duas vezes. E outros, tais como Walter Scott, Alexandre Dumas, Carlyle, Mozart, Goethe etc.


O Espiritismo explica


Os homens ficam maravilhados com a precocidade de certas crianças e não atinam com a procedência do fenômeno. Porém, no dia em que se lembrarem de que somente de uma causa inteligente pode vir umefeito inteligente, que é o espírito, resolverão o problema. E unicamente a reencarnação dos espíritos dará resposta aos inúmeros casos de inteligência precoce. A doutrina das vidas sucessivas, ensinada pelos povos antigos e confirmada pelos espíritos, somente ela explicará o porquê desse conhecimento incomum em crianças que não tiveram tempo de aprender nesta existência. O homem é mais do que um corpo ambulante: é um espírito velho que teve diversas vidas noutros mundos ou aqui mesmo na Terra, lutando e aprendendo, caminhando sempre na estrada evolutiva em busca do progresso libertador e da felicidade reservada aos que perseveram no bem até o fim. Esses casos de crianças-prodígio noticiados de tempos em tempos em vários lugares vêm sempre para manter a alma humana imersa no fogo sagrado da fé em sua imortalidade. As almas, em relação às vidas sucessivas, são como pedras brutas nas mãos do lapidador, que as tornará luminosas e valorizadas.


Hereditariedade?


Entretanto, existem teses que contestam a reencarnação como explicação para os gênios precoces e apresentam duas hipóteses: a da hereditariedade psíquica e a da mediunidade ou paranormalidade. Alguns também se referem à influência do meio como responsável, não só pela genialidade, como também pela precocidade desta qualidade. No que se refere à hereditariedade, temos que colocar que até o presente momento não foi isolado qualquer gene responsável não só pela genialidade, como nem uma só molécula de DNA que confira características claras no que diz respeito à inteligência.

Porém, de acordo com a concepção espírita, embora o espírito se expresse por recursos do sistema nervoso central, cuja formação molecular é geneticamente transmissível, a origem do pensamento ou fonte do psiquismo é de natureza transcendental. O espírito pensa, age psiquicamente, ama ou odeia, mas o veículo de transmissão é o cérebro. Não há, pois, no nível de conhecimento da genética, qualquer comprovação de que a genialidade possa ser transmitida aos descendentes, além de se constatar que os estudos das árvores genealógicas de gênios não fornece qualquer indicação desta característica nos seus ramos ancestrais.

Ao se estudar os descendentes, vemos também que a genialidade não foi transmitida como se fosse um patrimônio genético. Comum é se encontrar filhos normais ou até destoando tanto dos pais, que chamama atenção. Sócrates, o filósofo grego, teve, segundo Aristóteles, filhos inexpressivos. Sábios ilustres sairam de centros vulgares, como, por exemplo, Bacon, Kant, Kepler, Copérnico, Galvani, Hume, Locke, Laplace etc. D’Alembert, enjeitado, foi simplesmente encontrado na soleira da porta de uma igreja e criado por uma mulher simples, casada com um vidreiro. Nem a ascendência de Shakespeare, nem o meio, explicam as concepções geniais desse inglês.

O estudo dos descendentes dos gênios nos leva à constatação curiosa de que muitos de seus filhos eram verdadeiros patetas. O famoso Cícero, Vespasiano, Germânico, Marco Aurélio, Carlos Magno, Henrique IV, Goethe e outros que se tornaram célebres por suas capacidades em setores diversos, deixaram filhos que não só eram considerados quase que idiotas, como, em consequência, vieram a arranhar a imagem intelectual de seus pais.


Como nascem os gênios


A genialidade é o fruto das aquisições e experiências pretéritas, resultante de uma longa vivência de muitas encarnações onde, por muitos séculos, se estudou, trabalhou ou pesquisou uma determinada área do conhecimento. Às vezes, foram muitos séculos de lenta e dolorosa iniciação. A sensibilidade profunda que se observa hoje decorreu desta experienciação anterior, que o torna agora acessível às influências espirituais elevadas.


Genialidade e Mediunidade


Os estudiosos chegaram à conclusão de que os gênios e as crianças prodígios quase sempre são médiuns. Assim, a captação mediúnica de mensagens espirituais de elevado conteúdo requer uma condição dispositiva interna do médium, que o permite sintonizar a mesma freqüência daquele que transmite a informação. São ondas mentais de alta freqüência vibratória emanadas pelos transmissores (espíritos), que necessitam também de alta freqüência mental do receptor (médium) para se estabelecer o contato.

As crianças consideradas como gênios precoces podem manifestar seus talentos a cada momento que lhes for solicitado, como nós mesmos fazemos com nossas possibilidades psíquicas. Observando-se atentamente os casos de genialidade precoce, percebe-se que o gênio dos meninos-prodígio lhes é muito pessoal, a manifestação da genialidade é regida pela vontade de cada criança.

Assim, a inspiração exterior e os valores da aquisição pessoal demuitas encarnações anteriores que se afinizam e se atraem é que compõem o quadro da genialidade. O espírito não é feito de uma só vez. Suas faculdades, suas qualidades, seus bens intelectuais e morais, em vez de se esvaírem, capitalizam-se, aumentam de século a século. Por isso, vemos a brilhante superioridade de certas inteligências que têm vivido muito, trabalhando intensamente e, sobretudo, integrado em si mesmas as experiências vivenciadas anteriormente. O espírito é que se expressa pelos recursos disponíveis no sistema nervoso central.


Memória Transcendental


Sabemos também que a estrutura transcendental do corpo espiritual, que vibra em outra dimensão, traz em seu bojo os arquivos energéticos que constituem sua individualidade ou seu patrimônio específico. No entanto, como o corpo espiritual se fixa nas moléculas do corpo físico, fica limitado à consciência desta vida, ao se expressar pelo cérebro virgem dos registros pretéritos. Não se recorda, habitualmente, das encarnações passadas, porém o potencial criativo permanece íntegro e se expressa à medida que o sistema nervoso central o permita.

Portanto, como a própria vida nos demonstra, tudo evolui rumo à perfeição infinita. Louvado seja Deus que nos dá tão grande esperança de melhores dias. A certeza de que, cedo ou tarde, depois de purificados através das vidas sucessivas, estaremos com Ele para o que de melhor nos destinar. Logo, a genialidade não é um processo biológico. Um gênio se constrói ao longo dos milênios, nas sucessíveis reencarnações


 

ALUNO SUPERDOTADO


Autoria: Izabel Sadalla Grispino. Supervisora escolar aposentada.


A escola nem sempre está preparada para exercer bem suas amplas funções. Na semana passada, falei da dificuldade no atendimento à criança hiperativa.

Um outro aspecto, que vem despertando a consciência educacional, é o aluno superdotado. Para o professor perceber as características da superdotação não é tarefa das mais fáceis. Muitos não conseguem identificar esse tipo de estudante, que, por aprender com mais rapidez que o colega, se mostra desinteressado em sala de aula. Geralmente, são alunos ativos, que perguntam muito e professores confundem com déficit de atenção e hiperatividade.

Não são só os alunos deficientes que precisam de atenção especial. É preciso estender o olhar para aqueles cujo potencial está acima da média. Para tanto, os professores precisam passar por cursos que os capacitem a detectar alunos talentosos.

Diferentemente do que sempre se pensou, superdotados não são apenas alunos que tiram notas altas em todas as matérias, são alunos com altas habilidades em diferentes áreas do saber, como exatas, artes ou esportes. Um estudante pode ser ruim em matemática e ser superdotado em música, onde revela talento.

Para aprender a detectar talentos, os professores precisam estudar conceitos de inteligência, precocidade, talento e aprender a identificar as características desses alunos e a trabalhar com eles e suas famílias. “Um talento não identificado e não estimulado é um talento desperdiçado”, dizem os especialistas.

A identificação de uma criança superdotada é normalmente feita por entrevistas com a família, testes de Q.I., inteligência emocional e aptidões. A superdotação tem origem genética, mas sua característica só se desenvolve se for estimulada; se não for incentivada ela pode se perder.

Os superdotados passarão, nas escolas, por outro tipo de ensino, por aulas adicionais e suas famílias orientadas para entender o processo e colaborar com a aprendizagem. As aulas serão dadas em salas especiais, sempre em horário extra-escolar. Elas servirão para aprofundar os estudos e estimular as aptidões superiores.

É preciso, contudo não confundir superdotação com genialidade. O aluno pode ser brilhante numa única área e não ir tão bem em outras. Um gênio é sempre um superdotado, mas nem todo superdotado é um gênio. As características do superdotado são identificadas em escalas de observação de comportamento, capazes de um excelente desenvolvimento das altas habilidades desse aluno.

Foram criados pelo MEC, em 2006, Núcleos de Atividades de Altas Habilidades/Superdotação (NAAH/S), que são centros de apoio a superdotados em escolas públicas.




PSICOLOGIA DA SUPERDOTAÇÃO E DA GENIALIDADE INFANTIL


Autoria: Romes Sousa. Administrador presidente do Centro de Estudos em Psicologia Infantil Gênios Mirins.


Superdotação é um fenômeno psicológico caracterizado pela alta habilidade incontextualizada de uma criança para uma determinada área, seja ela qual for. Ou seja, superdotação é uma dotação, um dote, uma capacidade superior de um indivíduo (criança) sobre os outros. Desta forma, fica claro que a Psicologia da Superdotação e Genialidade Infantil é aquela que estuda, aproveitando concordâncias da Psicologia Infantil, tudo relacionado a mente dos superdotados e "gênios". Entendamos mais do assunto a seguir.

Para melhores estudos, costumo dividir o tema em: superdotação artística, ou seja, aquela em que o superdotado tem tendência ou habilidade superior para alguma arte. Estes estão em menor número, se comparado aos superdotados intelectuais. Superdotação intelectual é aquela em que o superdotado tem aptidão para alguma atividade fora das artes, muitas vezes relacionada a ciência. Os superdotado esportivos tem grande desenvoltura para esportes. São, em geral, mais inquietos e demonstram grande potencial para a prática esportiva.

Não há como definir um comportamento exato para superdotados, o que ocorre são inúmeras variáveis, o comportamento tende a mudar de um indivíduo para o outro, porém, observamos que alguns são mais isolados, na maioria das vezes com dificuldades de socialização enquanto outros são mais abertos e conseguem se socializar bem, gostam de mostrar seu potencial, diferentemente dos isolados, que retraem o que sabem permitindo que o outro descubra por si só.

Não se deve confundir superdotado com gênio (nomenclatura adotada pelo escritor), mas, todo gênio é um superdotado. Na verdade, gênio é uma nomenclatura alegórica para se referir a um grupo raríssimo de indivíduos com capacidades muito especiais para uma área. Como este blog fala de genialidade infantil, foquemos nas crianças, desta maneira, um gênio infantil é uma criança capaz de realizar fenômenos extremos, muito além da idade cronológica ou capacidade intelectual aparente do indivíduo.

Nos gênios, costuma-se notar características como o isolamento ao que não lhe é grato. Em certa idade, muitos gênios mirins se obstruem daquilo que não lhe convem. Exemplo: um gênio das ciências tende a não utilizar a arte ou não se interessar por ela. Mas, como todos os casos, temos excessões.

Outro aspecto bom de ser notado nos gênios é a iniciação em tenra idade na atividade que os torna fenômenos. Foi assim com Galileu Galilei, Einstein, Mozart e mais recentemente (com genialidade discutida), Aelita Andre, a menina de cinco anos que pinta em características estranhas a época em que vive no estilo abstrato do expressionismo britânico.

Gênios e superdotados têm sim dificuldades em algumas questões e isso é até natural que ocorra. Porém, ressalto que antes de gênios ou superdotados, são crianças com necessidades e virtudes como outras qualquer.

Gênios e superdotados têm sim dificuldades em algumas questões e isso é até natural que ocorra. Porém, ressalto que antes de gênios ou superdotados, são crianças com necessidades e virtudes como outras qualquer.



INTELIGÊNCIA: COISAS DE GÊNIO (REVISTA SUPERINTERESSANTE)


Diante dos olhares de espanto da imperatriz Maria Teresa, da Áustria, aos 6 anos de idade Wolfgang Amadeus Mozart fazia brotar do piano os acordes inspirados de suas primeiras sonatas. Três anos mais tarde, tomado por uma irremediável aversão ao estudo convencional, decidiu que dali em diante só leria partituras. Ninguém pode lamentar ter perdido em Mozart um químico apenas medíocre ou um escriturário esforçado. Pior seria se a humanidade tivesse inibido a floração de um dos seus mais talentosos compositores - o que poderia perfeitamente bem acontecer se Mozart não vivesse na Salzburgo do século XVIII, uma cidade voltada para as artes. Hoje em dia Mozart talvez já tivesse sido induzido pela família ou pelos professores a esquecer o fascínio pela música em troca de um dez no boletim. Lamentável, pois Mozart é um exemplo de pessoa superdotada.

O conceito de superdotado, até há pouco tempo, servia de legenda para a imagem caricatural do garoto franzino, craque não no futebol e sim em complicadas questões de Química, Matemática ou Física, entre outros saberes que costumam driblar a meninada dita normal. Hoje se sabe que nem todo superdotado tem o perfil de primeiro da classe. Além das pessoas com inteligência acima da média, superdotados também são aqueles com capacidade excepcional para realizar tarefas, muitas vezes à distância de salas de aula e laboratórios. É certo que em algumas pessoas existe algo diferente que as faz geniais.

Sem dúvida, os fatores culturais impõem seus limites à genialidade. Ao esboçar um helicóptero em pleno século XV, quando o homem nem sequer podia imaginar o automóvel, o florentino Leonardo da Vinci só poderia ser tachado de visionário. Da mesma forma, se Isaac Newton tivesse nascido numa tribo da Nova Guiné, e não na Inglaterra do século XVII, não teria chegado a formular a lei da gravitação, porque para os guinéus, ser inteligente é saber de cor e salteado o nome de 10 mil clãs. Entre os limites erguidos pelos valores culturais, porém, nascem três superdotados em cada cem pessoas, independentemente de raça, sexo ou classe social, segundo as estatísticas.

Isso significa que, dos cerca de 4 milhões de brasileiros que devem nascer este ano, 120 mil merecem estar nessa categoria - o equivalente à população inteira de uma cidade como Teresópolis, no Estado do Rio. Significa também que o Brasil, com seus mais de 140 milhões de cidadãos, teria uma formidável legião de 4 milhões de gênios em potencial, como se toda a população de Santa Catarina, por exemplo, fosse constituída de superdotados. Não é preciso que alguém os ensine a ser brilhantes. Em geral, eles desenvolvem espontaneamente o seu talento - daí fenômenos como os de crianças que até aprendem a ler sozinhas ou que desmontam e montam o rádio do pai sem causar danos.

"A.habilidade do superdotado costuma aparecer cedo. Mas isso não significa que não possa haver um superdotado adulto perdido na multidão", esclarece o psicólogo paulista Oswaldo Barros Santos, que há dez anos observa o comportamento dessa gente tão especial, na condição de um dos fundadores da Associação Brasileira para Superdotados, com sede no Rio de Janeiro.

Oswaldo aponta como característica marcante no superdotado o amor intrínseco pelo trabalho. "Eles costumam fazer as coisas para si e muitas vezes nem divulgam o que criam ou descobrem, dispensando a platéia."

Essa atitude, em certas ocasiões, é interpretada com timidez. Contudo, dificilmente a timidez impede o superdotado de chamar a atenção. Isso porque, embora possa desenvolver bem mais certas habilidades do que outras, o superdotado não costuma ser muito ruim em nada. Seu desempenho, em geral, é sempre superior ao da média das pessoas.

O psicólogo nega que tamanho talento lhes cause problemas. "A não ser na infância, admite Oswaldo, "pois o superdotado amadurece mais cedo." É o caso da menina que, com 8 anos de idade, quer ir a uma festa à noite com uma garota de 12. Os pais podem proibi-la; as crianças mais velhas podem rejeitar sua companhia. Surgem, então, conflitos superados na vida adulta, quando ela terá liberdade para fazer o que quiser. Se os pesquisadores do comportamento, como os psicólogos, podem comparar certo número de casos de superdotação e daí tirar conclusões, o mesmo não acontece com os médicos.

O interesse pelo assunto é recente e ainda não existem amplos estudos do cérebro de superdotados que permitam o entendimento dessa condição", justifica o neurologista infantil Saul Cypel, da Universidade de São Paulo. Cauteloso como seus colegas diante do fenômeno, Cypel não encontra explicações na Medicina para o fato de os superdotados amadurecerem mais cedo, muito menos para a simples existência de pessoas excepcionalmente talentosas. Só há hipóteses e mesmo assim ainda à espera de comprovação no exame de cérebros.

Quando morreu Albert Einstein - um gênio acima de qualquer suspeita -, seu crânio foi aberto em busca de indícios físicos para sua genialidade. Mas o estudo do cérebro einsteiniano não levou a nada - talvez por falta de comparações. Uma hipótese, em todo caso, é a de que as células cerebrais no superdotado têm um número maior de conexões entre si do que numa pessoa comum. "Teoricamente, quanto mais conexões nessas células, melhores os recursos intelectuais de alguém, explica Cypel. Ampliadas pelo microscópio, essas conexões formadas no decorrer da vida parecem finas ramificações das células nervosas. É como se cada célula ou grupo de células guardasse certa quantidade de informações e essas conexões permitissem toda sorte de associação entre elas.

"Mais conexões ajudam a buscar na memória pistas para criar soluções adequadas a qualquer problema, suspeita Cypel. Segundo ele, também é possível que os neurotransmissores - substâncias responsáveis pelos estímulos nervosos - funcionem de maneira peculiar nos superdotados.

Outros cientistas desconfiam que a superdotação possa ser causada por pequenas lesões ocorridas antes ainda do nascimento. A estranha idéia surgiu da observação dos idiots savants (idiotas sábios), pessoas retardadas devido a lesões cerebrais e, não obstante, capazes de exercer alguma atividade extremamente bem. Assim, os médicos citam casos de retardados capazes de realizar de cabeça complexos cálculos matemáticos. A superdotação não teria a mesma origem? "É apenas uma teoria, acautela Cypel.

Para a bióloga gaúcha Eni Peinado Viñolo, da Universidade Católica de Porto Alegre, qualquer explicação isolada para o fenômeno é incompleta. "Todo o organismo do superdotado parece funcionar de forma mais harmônica do que na maioria das pessoas, frisa ela. Uma das razões estaria nos hormônios, produzidos em doses ideais no superdotado. Como os hormônios mexem com as emoções, o superdotado nem é muito lento para decidir, nem explode de impaciência. "Também demora mais para alcançar o estado de estresse, o que o deixa mais apto ao estudo ou ao trabalho, diz Eni. Hormônios bem sintonizados não fabricam superdotados, mas seriam parte da resposta para o enigma.

A bióloga aponta ainda um fator, insuspeitado para os leigos, que após anos de estudo ela considera "importantíssimo": a capacidade do organismo de absorver proteínas, substâncias essenciais para o sistema nervoso. Essa característica, transmitida geneticamente, faz com que certas pessoas consigam assimilar mais nutrientes até do que outras, beneficiadas por uma quantidade maior de alimento. "Isso ajuda a explicar por que a mesma proporção de superdotados aparece nas pessoas, seja qual for a sua condição social e econômica", nota Eni.

Tampouco há sinais de grandes diferenças entre homens e mulheres nesse terreno. Mas testes realizados por psicólogos americanos na década de 70 produziram um curioso resultado: em Matemática, os homens superdotados são, inexplicavelmente, melhores do que as mulheres superdotadas - e nas outras áreas testadas os resultados se equivalem. De acordo com outro estudo, entre crianças superdotadas a incidência de miopia é quatro vezes maior do que nas demais crianças da mesma idade. Em compensação, as crianças superdotadas tendem a ser mais altas e mais robustas. Além disso, uma terceira pesquisa indica que em cada três canhotos, dois são superdotados.

Mas não se tem a menor idéia da relação - se é que existe - entre genialidade, de um lado, e miopia ou robustez, ou ainda canhotismo, de outro. Por enquanto, os cientistas estão mais preocupados em verificar o papel da genética na superdotação. A crença de que filho de gênio é gênio difundiu-se muito, embora a ciência não assine embaixo. Nos Estados Unidos, por exemplo, centenas de mulheres se candidataram a uma doação de um certo Instituto de Seleção Germinal, fundado por um magnata americano em 1980, com o expresso objetivo de "aperfeiçoar a espécie humana".

Seria, talvez, mais um banco de esperma, não tivesse entre os seus doadores prêmios Nobel como o físico William Shockley, que na década de 50 inventou o transístor. No entanto, para a decepção das candidatas as mães de superdotados (mulheres geralmente casadas com homens estéreis) filhos de pais ilustres, até hoje não nasceu nenhum gênio. Outra linha de pesquisa sustenta que qualquer um pode ser gênio, independentemente da bagagem genética desde que seja estimulado nos primeiros anos de vida. Pesquisadores soviéticos acreditam que o terceiro ano de vida é o limite máximo para se aumentar a capacidade intelectual de alguém.

Por isso, os pais são exortados a proporcionar aos bebês todo tipo de estímulo sensorial: jogos de luzes, audição de ruídos diversos, massagens, além de muita ginástica, porque o desenvolvimento do sistema nervoso acompanharia o desenvolvimento físico geral. Nos Estados Unidos, métodos muito parecidos estão sendo usados, e o treinamento pode começar na barriga da mãe. Através de aparelhos ligados ao ventre da gestante, o feto ouviria de sinfonias a concertos de rock, além das vozes dos pais. Os adeptos dessa prática asseguram que os bebês, após esse aprendizado intra-uterino, nascem mais fortes e desenvolvem reflexos precocemente.

Na pior das hipóteses, mal não há de fazer. O psicólogo americano Glenn Doman, citado até no filme Presente de grego, estrelado pela atriz Diane Keaton, é um dos pioneiros na educação de superbebês. No seu instituto, em Filadélfia, Doman alega que consegue ensinar crianças de 3 anos a ler, falar uma língua estrangeira e ainda dominar as quatro operações com números de até dois algarismos. Essas proezas costumam ser divulgadas com boa dose de sensacionalismo, mas as explicações são relativamente simples. Uma criança tem facilidade natural para aprender mais de um idioma, como qualquer filho de emigrante sabe. Em relação a saber ler e calcular, Doman admite que seus superpacientes não entendem nada do que fazem, apenas decoram o que lhes é mostrado em desenhos e fotos. Esse tipo de treinamento é visto com extrema reserva pela maioria dos pedagogos. Eles acham que decorar coisas demais nos primeiros anos de vida pode até inibir a criatividade. Mas Doman insiste que a criatividade pode ficar para depois: o importante, segundo ele, é armazenar o máximo de informações num primeiro momento. O cérebro seria programável como a memória de um computador, diz ele.

Outros centros de estudos surgem não propriamente para criar gênios, e sim para desenvolver os superdotados identificados em escolas comuns. Japão, Estados Unidos, Israel e União Soviética são os países que mais investem em centros de estudos especiais para superdotados e têm, juntos, cerca de 2 mil desses centros. Entre os educadores, porém, há uma polêmica. Muitos, como a pedagoga Therezinha Fram, presidente da Associação Brasileira para Superdotados, em São Paulo, acham que "os superdotados não devem ser separados. As escolas comuns é que devem enriquecer seus currículos, prevendo que terão alunos com um nível de exigência maior do que a média".

Propostas nessa direção foram apresentadas no I Encontro de Brasília sobre Superdotados, em novembro último. Após três dias de debates, 180 especialistas entregaram ao Ministério da Educação um documento no qual solicitam que as empresas e as escolas criem projetos para os superdotados aperfeiçoarem seus talentos. Serve de modelo o projeto da Universidade de Campinas, onde, ainda este ano, haverá cursos para crianças com grande habilidade para a Informática. Na reunião de Brasília, também se apontou a necessidade de ensinar as professoras a identificar alunos superdotados. Muitos educadores, por exemplo, parecem achar que estudante com nota baixa não pode ser superdotado em hipótese alguma. Mas nem sempre o boletim é o melhor atestado de superdotação - o contrário pode ser verdade. "É relativamente comum o superdotado ir mal na escola", conta Therezinha. "Por exemplo, alguém com muito talento em Matemática pode se fechar num mundo de cálculos e se esquecer das demais matérias." Outra característica comum é a indisciplina, porque o superdotado aprende em cinco minutos aquilo que seus colegas levam uma hora. "E daí o resto do tempo é consumido em atitudes que muitas vezes irritam o professor mal preparado", comenta a pedagoga. Os famosos testes de Q.I.(quociente de inteligência) também já foram aposentados enquanto instrumentos para avaliar a superdotação. Entre outros motivos, porque em testes desse tipo a rapidez com que as respostas são dadas conta pontos - e o superdotado não é necessariamente o mais rápido, mas aquele que analisa o problema de maneira mais profunda e original.

Além disso, os cientistas sabem que a inteligência não é um atributo que se define exclusivamente como uma rua de mão única. Observando os superdotados, eles descobriram que existem pessoas com um incrível poder de síntese e que são apenas medíocres na capacidade de analisar um problema; outras são criativas, mas não usam a lógica. Enfim, como diria Einstein, ser inteligente é muito relativo. Na maneira convencional de ver as coisas, só é gênio quem sabe usar a cabeça de modo excepcional. Na verdade, qualquer aptidão humana exercida com soberba mestria é coisa de superdotado. Como a música de Mozart. Ou o futebol de Pelé. 


CÉREBRO HUMANO (REVISTA SUPERINTERESSANTE)


Preste atenção. Ler este texto é possível porque os olhos traduziram a imagem de cada letra em centenas de milhares de sinais elétricos que, em linha quase reta, escorregaram até a parte de trás da massa gelatinosa abrigada na caixa do crânio. Daquela região, próxima à nuca, foram disparados outros milhares de mensagens que se esparramaram pelas laterais, encontrando na superfície rugosa da massa uma área capaz de reconhecer as letras e montar palavras. Em seguida, partiram dali, em todas as direções, ondas elétricas que, ao varrer a víscera cinzenta, encontraram o significado da frase, escondido em um canto qualquer da memória. Cem trilhões de conexões celulares, em eterna troca de informações, tecem a estrutura mais complexa do Universo: o cérebro humano.


Compreendida, a ordem foi comparada a outras mensagens, desde relatórios sobre o organismo a informações sobre o ambiente, que chegam a todo instante ao cérebro humano - uma construção tão complexa que os melhores cérebros que se dedicaram a estudá-la concluíram, sem preocupação com a modéstia, que não existe nada igual em todo o Universo conhecido. Então, se ao cérebro que defrontou com a primeira linha deste texto nada pareceu mais importante do que o pedido de prestar atenção, se por algum motivo não brotou na memória uma forte saudade nem irrompeu no organismo uma dor de dente, é bem capaz que o sistema nervoso tenha decidido escalar mais células para interpretar a leitura, atendendo à solicitação. E, caso todo o processo tenha ocorrido, durou exatamente o tempo necessário para ler as quatro primeiras palavras do texto.

De uma célula para outra, no entanto, a informação trafega no cérebro 1 milhão de vezes mais devagar do que um sinal de computador. Apesar da desvantagem inicial, porém, o cérebro consegue reconhecer um rosto em fração de segundo; portanto, no final das contas, está um corpo à frente da Informática. A diferença é possível porque bilhões de células nervosas, os neurônios, podem trabalhar ao mesmo tempo na solução de um único problema, como identificar uma forma ou compreender uma ordem, enquanto um computador processa bovinamente, passo a passo, as informações que recebe. Só recentemente começaram experiências para fazê-los trabalhar em paralelo, como o cérebro humano.

Apenas nos últimos dez anos os cientistas começaram a desvendar para valer os mecanismos cerebrais que tornam o homem inteligente. E as últimas descobertas aconselham apagar da memória a gasta analogia do computador. Parece muito mais adequado comparar o cérebro humano a um movimentado pregão da Bolsa ou a um igualmente agitado debate estudantil em que as informações pipocam de forma desorganizada e muitas vezes prevalece quem fala mais alto. No ano passado, cientistas americanos concluíram que qualquer estímulo que chega ao cérebro não segue uma rota definida, mas percorre diversos caminhos de neurônios, e alguns vão levar a dados que nada têm a ver com a assunto tratado.

Mas sempre que determinado estímulo encontra uma espécie de eco em algum dado estocado na memória, esse circuito passa a ser mais ativado, como se gritasse alto e bom som uma pista. No final, é como se o cérebro escolhesse as pistas e, por intuição, decidisse em favor de uma resposta, mesmo que incompleta, pelos dados de que dispõe. Graças a essa maneira aparentemente desajeitada de ser inteligente, às vezes nem com muito esforço o homem resolve equações cuja solução uma calculadora de bolso daria em um zás-trás.

Em contrapartida, é essa fórmula de sempre trabalhar simultaneamente com um grande número de informações que dá à inteligência humana toda a flexibilidade, fazendo com que o homem seja capaz de reconhecer depois de muito tempo um amigo que deixou crescer a barba, ou de imaginar um passeio de gôndola sem nunca ter pisado em Veneza e, principalmente, de lidar com toda sorte de imprevistos. Para chegar a essa compreensão dos mecanismos da inteligência, os americanos criaram um computador programado de acordo com os conhecimentos que se tem sobre a anatomia cerebral, ou seja, a forma como os neurônios se distribuem. É que na geometria dessas células de 1 centésimo de milímetro de diâmetro e de seus prolongamentos pode estar o segredo de ser humano.

Cada um dos 100 bilhões de neurônios do cérebro está ligado a 10 mil outros e assim é capaz de receber 10 mil mensagens ao mesmo tempo; a partir desse colossal volume de informações, o neurônio tira uma única conclusão, a qual, por sua vez, pode ser comunicada a milhares de outras células.

Calcula-se que existam entre os neurônios nada menos de 100 trilhões de contatos, as sinapses. Junto com a câmara de pósitrons, o único aparelho que permite visualizar o cérebro em atividade, o computador simulador de neurônios é um dos recentes recursos que podem ajudar o homem a conhecer os segredos da sua inteligência. Mas devagar com o andor. Podemos entender os mecanismos básicos. No entanto, dizer que a gente entenda tudo é um grande exagero, adverte o neurologista Esper Cavalheiro da Escola Paulista de Medicina. Conhecemos muito melhor o cérebro do macaco do que o do homem, informa esse professor, que passa o dia no laboratório. O chimpanzé, por exemplo, é um dos animais mais inteligentes, pois pode até aprender uma dúzia de palavras em linguagem de surdo-mudo e manter certa comunicação com seres humanos, compara. Mas, entre o cérebro do chimpanzé e o do homem existe um abismo.

A quantidade de novos genes que o homem adquiriu na evolução, em relação aos genes de seus ancestrais primatas, é muito pequena para justificar o avanço no sistema nervoso. Esse salto para a inteligência é um dos maiores enigmas da espécie humana. Coincidência ou não, aponta Cavalheiro, junto com o crescimento da área ligada a funções intelectuais, aparece a linguagem, uma aquisição que permite aos homens registrar informações, de maneira que cada geração não precise reinventar a roda. Os outros animais, sem aquela parte frontal do cérebro, não deixam história.

Se pudesse ser esticado, o cérebro humano também seria o maior entre os de todas as espécies. Pois, na realidade, a sua superfície cor de chumbo, o córtex, esconde nas reentrâncias nada menos de 9 décimos de sua área. E, em matéria de cérebro, ter uma vasta superfície vale muito mais do que a víscera pesa - afinal, seu quase 1,3 quilo ( 1,350 nos homens e 1,100 nas mulheres) é metade de um cérebro de baleia colocado na balança. A importância do córtex se deve ao fato de sediar a maior parte dos neurônios, as células nervosas que deixam fluir as idéias. Tais células foram observadas pela primeira vez em 1873 pelo fisiologista italiano Camillo Golgi (1843-1926), que descreveu seus milhares de prolongamentos espalhados feito galhos: são os dendritos, a porta de entrada das mensagens enviadas por outras células; o neurônio possui ainda um único axônio, ponto de partida da informação que processa.

São esses prolongamentos revestidos de uma substância branca que cruzam o cérebro de um lado para outro, tecendo a massa branca na parte interna da víscera. O fisiologista espanhol Santiago Ramón y Cajal (1852-1934) notou em 1889 que os prolongamentos dos neurônios, medindo de milésimos de milímetro até mais de 1 metro, não formam fios contínuos, feito cabos elétricos. Pois, na realidade, uma célula nervosa não encosta em outra. Uma informação salta o vazio entre um neurônio e outro graças a proteínas muito especiais, sintetizadas nas próprias células nervosas: são os neurotransmissores. Até a década de 70 se conhecia uma dúzia dessas substâncias mensageiras químicas; hoje os cientistas contabilizam mais de cinqüenta.

Isolá-las e conhecer as suas principais propriedades é uma coisa, esclarece o neurologista Jorge Facure da Universidade de Campinas, no interior de São Paulo. Mas ao se verem os neurônios em ação é quase impossível saber quais neurotransmissores estão sendo liberados naquele momento. Faz sentido: afinal, muitos neurônios fabricam mais de uma dessas substâncias, selecionando o momento de usá-las, a concentração e até a dose indicada, tudo conforme o sinal que pretendem transmitir. Nos Estados Unidos, conta o médico Facure, que já trabalhou ali, existem prédios inteiros ocupados por laboratórios dedicados exclusivamente ao estudo de neurotransmissores, tal a sua complexidade.

Há dois anos, Facure está à frente de uma equipe da Unicamp concentrada numa das mais instigantes investigações sobre o cérebro humano: trinta pesquisadores das mais diversas áreas - da Medicina à Informática, da Física à Psicologia - reúnem todos os dados ao alcance da ciência para tentar descobrir se existe alguma relação entre a mente e a matéria. Em outras palavras, a pesquisa confronta a delicada questão da possível existência de uma mente - que alguns preferem chamar alma - habitando os circuitos nervosos e controlando o funcionamento cerebral.

De fato, tão complicado como entender a inteligência é compreender por que ela se manifesta de maneira diferente de pessoa para pessoa. Ou seja, compreender por que uns são mais criativos do que outros, por que há quem goste de compor música e quem prefira escrever, como enfim a inteligência se desdobra em infinitos perfis. De acordo com os cientistas, para se tirar alguma conclusão dessa trama cerebral, o fio da meada é a comunicação entre os neurônios, cujas membranas funcionam feito uma divisória, separando cargas elétricas opostas: dentro da célula nervosa existem substâncias predominantemente negativas e, do lado de fora, encontram-se substâncias predominantemente positivas.

Um estímulo qualquer, como a visão de um retrato, subitamente inverte a situação: dentro do neurônio a eletricidade passa a ser positiva e, fora, negativa. A inversão, que dura um ínfimo milésimo de segundo, gera uma onda elétrica que percorre o neurônio de ponta a ponta. Ao alcançar o final do axônio - que se bifurca sucessivamente -, a corrente elétrica provoca uma alteração na membrana da célula. Assim, abrem-se brechas por onde escapam espécies de pacotes recheados de determinado neurotransmissor. Os pacotes logo se encaixam nos dendritos das células nervosas e ali se derretem, liberando o mensageiro químico. Este, por sua vez, provoca a inversão de carga que gera o sinal elétrico.

Para o neurônio que recebe a informação, as coisas não são tão simples. Afinal, é alcançado ao mesmo tempo por milhares de outras mensagens. O sinal elétrico resultante não é necessariamente a soma de todos os sinais recebidos, explica Esper Cavalheiro, da Escola Paulista de Medicina, enquanto rabisca um exemplo. Segundo tal esquema, se alguém segura uma xícara de café muito quente, um neurônio pode ordenar: larga; um segundo neurônio, porém, passa a informação de que aquela é uma raríssima peça de porcelana chinesa. Provavelmente, a segunda mensagem irá atenuar a intensidade da primeira, de modo que a pessoa, apesar da dor, controlará o movimento da mão até pousar a xícara com cuidado sobre um móvel.

De acordo com as informações que um neurônio está habituado a receber, vai formando um comportamento. Passa a precisar de certa quantidade de energia, a produzir determinada dose de proteína, a reagir de modo específico a um estímulo. No final, um neurônio é sempre diferente de outro. Pode-se perguntar, no entanto, como o cérebro interpreta separadamente cada informação, sem confundi-las. O segredo é receber as mensagens por dendritos diferentes. Um neurônio, capaz de calcular a distância de onde veio uma mensagem, pode assim concluir qual de suas entradas ou dendritos foi usada naquela vez e, conseqüentemente, qual neurônio a está enviando.

O neurônio vai além: ao decodificar determinado sinal, sabe que a célula que o enviou está, por sua vez, sendo estimulada por tais e quais neurônios. Alguns cientistas, porém, acham que essa explicação é um tanto simplista.. Na opinião do neurofisiologista Luiz Menna-Barreto, da Universidade de São Paulo, não se pode entender o mecanismo de compreensão de mensagens quando se pensa em um único ou mesmo em poucos neurônios. O cérebro sempre raciocina em cima de centenas de milhares de células nervosas. É muito mais adequado imaginá-lo como um jogo de batalha naval em três dimensões, onde os pontos assinalados seriam neurônios ativados, sugere Menna-Barreto. Conforme o padrão formado por esses pontos, o cérebro entende um significado.

Existem neurônios que já nascem sabendo o que fazer: é o caso dos que controlam o ritmo cardíaco, feito marca-passos, disparando constantemente ondas elétricas em uma freqüência predeterminada. Outros, porém, surgem como folhas em branco, mas, à medida que um estímulo chega ali pela primeira vez, fica gravado para sempre de alguma maneira ainda não muito clara para os cientistas. Ou seja, aquele neurônio ativado passará a gerar regularmente a onda elétrica desencadeada pelo estímulo, que pode até já ter desaparecido.

Do mesmo modo, na batalha naval imaginada por Menna-Barreto, existem padrões inatos de comportamento cerebral, como os do sono. Mas outros padrões são criados pela experiência. Isso é possível graças à mais fantástica característica do cérebro humano: a plasticidade. Pode-se visualizar as ligações entre os neurônios como caminhos, a maior parte deles criados na infância. No decorrer da vida, o cérebro deixa de lado na memória as ruas por onde transitam poucas informações. Em compensação, rasga novas estradas e abre avenidas nas áreas por onde passam muitos estímulos nervosos. Isto é, faz crescer novos prolongamentos unindo mais neurônios ou aumenta as áreas de contato, as sinapses, já existentes entre as células.

Quanto mais sinapses, mais recursos de informações, resume o neurologista Saul Cypel, do Hospital Albert Einstein, em São Paulo. Logo, mais inteligente ou criativo aquele cérebro tende a ser. Segundo ele, a existência de mais sinapses em determinadas áreas cerebrais justificaria uma facilidade maior para lidar com um assunto do que com outro. Alguém que cresceu ouvindo música, exemplifica, provavelmente desenvolveu muitas sinapses na área do cérebro responsável por esse tipo de percepção. Daí, tende a ter talento para a música. Se a habilidade pode ser, fisiologicamente, questão de prática, não se pode esquecer de outro ingrediente fundamental à plasticidade das células nervosas: a emoção, algo que em neurologuês pode ser descrito como um mero conjunto de reações químicas na massa cinzenta.

O sistema nervoso tende a formar as tão importantes conexões entre as suas células ali onde existe uma dose concentrada de afeto. A percepção auditiva dos pais é um exemplo claro: o menor choramingo do filho explode, na calada da noite, como efeito despertador de uma turbina de Boeing. Isso porque a emoção fixa as sinapses: assim, toda informação relacionada àquela criança merece atenção do cérebro. Na realidade, a emoção está em jogo mesmo nas atividades mais banais do dia-a-dia. Toda vez que se lê um texto, os trechos mais marcantes, agradáveis ou desagradáveis, ganham mais sinapses no cérebro. É o afeto que ajuda a determinar a importância e a permanência de um registro na memória. Mas, de qualquer maneira, toda informação nova é gravada nos neurônios e forma sinais elétricos, que de seu lado inauguram diferentes caminhos de axônios para compreendê-la. Em suma, ninguém é exatamente o mesmo após ler uma matéria como esta.



 SECRETARIA DA EDUCAÇÃO DE SP IDENTIFICA 1.022 ALUNOS SUPERDOTADOS NO ESTADO


Um levantamento da Secretaria da Educação de São Paulo identificou 1.022 alunos superdotados dentre os cerca de 5 milhões de alunos da rede estadual de ensino em 2009. Em 2008, professores apontaram a existência de 397 jovens com capacidades especiais.

A identificação de alunos superdotados na rede estadual de ensino começou em 2007 com o projeto "Um Olhar Para as Altas Habilidades", quando foram descobertos 79 alunos com habilidades como boa memória, atenção concentrada, facilidade de aprendizagem, alto grau de curiosidade, criatividade etc.

Desde o ano do lançamento do programa, a secretaria capacitou 273 professores para identificar alunos que se destacassem dos demais. Esses professores estão divididos em cada uma das 91 regiões que a secretaria divide o Estado de São Paulo.

A identificação dos alunos com habilidades especiais é feita a partir da observação do professor em sala de aula. A situação de cada um é discutida com a direção da escola.

Quando o desempenho do aluno é confirmado como acima da média, a escola passa a pensar quais as propostas pedagógicas são mais interessantes especificamente para ele. "As possibilidades de suporte de desenvolvimento das habilidades do aluno são discutidas com a família e podem incluir enriquecimento curricular para aprofundar os conhecimentos ou participação em outros projetos da Secretaria de Educação" afirma Denise Arantes, coordenadora do Centro de Apoio Pedagógico Especializado da Secretaria de Educação.



Fontes Adicionais: