domingo, 1 de setembro de 2013

NOVOS PARADIGMAS E CONCEITOS QUANTO AOS ALUNOS COM ALTAS HABILIDADES OU SUPERDOTADOS.


Blog GENIALIDADE E SUPERDOTAÇÃO, de autoria de Superdotado Álaze Gabriel.


 

INTRODUÇÃO

 

A trajetória do desenvolvimento da criança na escola é primordial para o seu desenvolvimento intelectual, psicológico e pessoal. É quando fatores internos e externos serão avaliados, analisados e estimulados, com o objetivo de proporcionar o desenvolvimento pleno do educando, e, por sua vez, um espaço futuro na sociedade.

É imprescindível ressaltar que o sucesso da criança não está centrado somente em seu grau de inteligência, mas também e, sobretudo, nos fatores externos que contribuirão para esse desenvolvimento. A partir de estudos é possível afirmar que o teste de QI, muito usado no passado, deixou de ser a principal ferramenta na hora de definir se uma pessoa tem uma inteligência acima da média, hoje são valorizadas as habilidades que essa criança possa desenvolver de forma prazerosa dentro e fora da escola. Renzulli (1984) afirma isso ao especificar que:



Não existe nenhum modo de se medir a inteligência. Consequentemente devemos evitar a prática tradicional de acreditar que, se conhecemos o QI de uma pessoa, nós também conhecemos sua inteligência (RENZULLI, 1984, p. 10).


Sendo assim, a inteligência passou de uma visão unidimensional para uma visão multidimensional. O aluno passa a ser avaliado de inúmeras maneiras, ou seja, por suas “habilidades”, “talentos”, “aptidões”. Estudos comprovaram que a pessoa é muito mais que sua capacidade intelectual de aprender conteúdos, mas também, e, sobretudo, no desenvolvimento de suas muitas inteligências, podendo sobressair-se melhor em um contexto que em outro. Partindo dessa ideia, fatores externos devem ser também observados. O fato é que uma criança com altas habilidades, que cresce no meio rural, onde sequer é oferecido a ela o básico de sua capacidade, certamente deixará de desenvolver seu potencial, seja ele criativo ou intelectual, pois seus traços são influenciados por suas experiências culturais, que por sua vez, em sua maioria, neste caso, são limitadas.

A priori é importante ressaltar que o binômio habilidade e oportunidade é salutar no que diz respeito aos superdotados. Já que a inteligência é estudada de maneira multidimensional, não basta possuir as habilidades, elas precisam ser reforçadas e descobertas para um desenvolvimento sadio e perfeito. Como os programas que trabalham com os superdotados ainda são poucos, muitos contam apenas com a sorte e a boa vontade, pois não encontram pessoas capacitadas para ajudar, os alunos, as pessoas, não se desenvolvem como poderiam. Alguns países, como os Estados Unidos, capacitam esses professores para trabalharem com esse aluno superdotado. O fato de haver um professor do programa de superdotados que possa auxiliar esse professor regular em suas observações possibilita um trabalho ainda mais dinâmico e eficaz para atender o aluno. Neste país, investe-se na educação desde os anos iniciais de maneira efetiva e sempre, buscando resultados. Uma realidade bem diferente do nosso país.

Os alunos com altas habilidades não são a maioria, mas é de suma importância haver um olhar de fora que envolva pais, diretores, professores e coordenadores a se posicionarem favoravelmente aos programas de superdotados já existentes em nosso país. Visto de maneira multidimensional é até o momento não da exclusão, e sim de reforçar as habilidades de cada um, como ser humano único, inteligente e repleto de competências e habilidades.

Muitas crianças possuem um bom potencial e não o desenvolvem, é o caso de crianças com várias “inteligências” não conquistarem o sucesso em detrimento de outros chamados indivíduos não promissores sobressaírem-se mais. Diante disso observa-se que o desempenho maduro em uma área não significa o desempenho maduro em outra, e nem por isso o indivíduo deixa de ser talentoso. É preciso reforçar o que o aluno tem de melhor nas mais diversas áreas de saberes.

Muitos talentos são ignorados pelas escolas por disporem apenas de um modelo de inteligência, quando não identificada à habilidade, quanto á inteligência da criança, esta poderá não desenvolvê-la como poderia. É preciso estar atento e aberto às transformações que acontecessem durante o desenvolvimento da criança.

Muitas são as dificuldades enfrentadas pelos superdotados. Essas, por sua vez, tornam-se motivo para desencadear uma gama muito grande de doenças psicossomáticas. A dificuldade de relacionarem-se com amigos, colegas e até mesmo a própria família tem gerado muito sofrimento ao superdotado, sobretudo porque é uma mente grande em um corpo pequeno, uma criança pensando e vivendo como adulto.

É preciso reforçar a importância do cuidado com essas crianças, elas precisam ser estimuladas não só intelectualmente, mas também psicologicamente.

O fato de os superdotados apresentarem um desenvolvimento intelectual acelerado faz com que, muitos deles, sintam-se desmotivados com questões do ambiente escolar. Esses, por sua vez, preferem lidar com questões filosóficas e éticas ao invés de conteúdos curriculares.

Há diferentes facetas do desenvolvimento do superdotado e nem toda a parte física e mental será desenvolvida da mesma forma. Sobretudo, vem a ideia errônea sobre o superdotado ser bom em tudo. 

Reforço aqui à necessidade de identificação e acompanhamento dessas famílias onde os superdotados vão desenvolver-se. É preciso um comprometimento tanto do lado dos pais, da escola, da família, quanto do superdotado, que ao sentir-se apoiado desenvolverá suas habilidades intelectuais e sócio emocionais com segurança. Estando acompanhados e orientados, seus medos, dificuldades (rótulos), necessidades serão identificados e trabalhados, antes mesmo que se tornem um tipo de problema, que possa atrapalhar seu desenvolvimento intelectual e pessoal.

A família precisa estar à disposição para aconselhamentos, instruções, para lidar da melhor maneira possível com esse aluno e também com os sentimentos, que o fato de ter um superdotado em casa pode trazer.

Gardner ao ressaltar a importância da “teoria de inteligências múltiplas” afirma que o desenvolvimento intelectual do ser humano é muito complexo, sobretudo no fato de nem todos terem as oportunidades e os estímulos necessários a seu desenvolvimento. São muitas as inteligências e em cada uma de suas especificidades interage com o desenvolvimento geral do homem. É interessante observar como algum tipo de inteligência sobressai-se em determinada pessoa quando estimulada para ele.

A escola deveria centra-se nas capacidades dos alunos e estimulá-las positivamente na medida em que forem se destacando. Comumente deparamo-nos com alunos desmotivados por não possuírem nenhum tipo de habilidade cobrada pela escola, habilidades essas referentes somente ao conteúdo. Esses alunos deveriam receber estímulos que desenvolvessem as suas inteligências, pois se sobressai nas escolas que o aluno que se destaca é aquele que é bom em todos os componentes curriculares. Sendo essa última afirmação falsa, o aluno teme por não ter habilidades e fica acuado e sem exercer suas capacidades. Quando não identificada à habilidade quanto à inteligência da criança essa poderá não desenvolvê-la com o potencial que poderia.

É notório ressaltar que o sucesso das crianças não está centrado somente em seu grau de inteligência, mas também nos fatores externos que contribuirão para esse desenvolvimento. Isso justifica o caso de crianças com várias “inteligências” não conquistarem o sucesso em detrimento de outros chamados indivíduos não promissores sobressaírem-se mais. Diante disso observa-se que o desempenho maduro em uma área não significa o desempenho maduro em outra e nem por isso o indivíduo deixa de ser talentoso.

Há muitos seres humanos inteligentes e promissores que muito podem contribuir com a sociedade. Partindo-se do princípio que diversas são as “inteligências” é preciso preparar o ser humano para reconhecê-las, estimulá-las e mais ainda, oferecer oportunidades para que sejam vividas plenamente.

Muitos talentos são ignorados pelas escolas por disporem apenas de um modelo de inteligência, visto erroneamente como “gênio” onde as crianças são vítimas de uma abordagem de visão única e limitadora.

Mesmo sabendo que o Brasil ainda possui iniciativas muito limitadas quanto à educação do superdotado, observa-se um interesse crescente pela implementação de programas especiais, de forma significativa, para ampliar o interesse pelo superdotado. O reconhecimento das vantagens para o país possibilita a estudantes que são mais capazes e talentosos, a realização de suas potencialidades. Esses estudantes, estimulados, devolverão à sociedade profissionais competentes e emocionalmente estabilizados se foram preparados para isso. Esses frutos são colhidos devido a uma crescente comunicação entre educadores e especialistas de diferentes países, que vem se organizando em distintas associações, como o Conselho mundial para o Superdotado e Talentoso e o Conselho Europeu para Alta Habilidade.

As Tendências atuais têm favorecido vários aspectos como: Expansão da clientela; Investimento na formação do professor; Experiências de enriquecimento em áreas diversas; Reconhecimento de que as necessidades do superdotado passam pelas áreas cognitivas, afetiva e social; Reconhecimento da relevância de se preparar o aluno e investimentos crescentes em pesquisas.

Concluo afirmando que a educação do superdotado não tem recebido por parte das autoridades educacionais brasileiras, a atenção devida.

Muitos são os pontos desejáveis, dentre eles o papel das Universidades que se mantém omissas diante dessa realidade. Apontam o problema, mas pouco fazem para que uma realidade nova e positiva seja alcançada.

Portanto, estamos diante de uma realidade que confere a todos nós, educadores, um grau maior de responsabilidade por nosso conhecimento e oportunidade.


REFERÊNCIAS


Discussão Gama Programas de atendimento aos alunos de baixa renda que se destacam por um potencial superior. In: FLEITH, D. S.; ALENCAR, E. M. L. S. ( Org.). Desenvolvimento de talentos e altas habilidades (p.177-1780).

Alencar, Eunice M. L. Soriano de. Superdotados: determinantes, educação e ajustamento./Eunice M. L. Soriano Alencar, Denise de Souza Fleith. 2ª. edição – p.p 123-149 - São Paulo: EPU, 2001

Alencar, Fleith. Superdotados: determinantes, educação e ajustamento. Capítulos 6 e 7 _ A educação do superdotado em diferentes países: tendências atuais e O atendimento ao superdotado no Brasil. Histórico, programas e implicações educacionais

GARDNER, H. Inteligências múltiplas. A teoria na prática. P.12 a 36. Porto Alegre: Artes Médicas, 1996.