Blog GENIALIDADE
E SUPERDOTAÇÃO, de autoria de Superdotado Álaze Gabriel.
INTRODUÇÃO
A
trajetória do desenvolvimento da criança na escola é primordial para o seu
desenvolvimento intelectual, psicológico e pessoal. É quando fatores internos e
externos serão avaliados, analisados e estimulados, com o objetivo de
proporcionar o desenvolvimento pleno do educando, e, por sua vez, um espaço
futuro na sociedade.
É
imprescindível ressaltar que o sucesso da criança não está centrado somente em
seu grau de inteligência, mas também e, sobretudo, nos fatores externos que
contribuirão para esse desenvolvimento. A partir de estudos é possível afirmar
que o teste de QI, muito usado no passado, deixou de ser a principal ferramenta
na hora de definir se uma pessoa tem uma inteligência acima da média, hoje são
valorizadas as habilidades que essa criança possa desenvolver de forma
prazerosa dentro e fora da escola. Renzulli (1984) afirma isso ao especificar
que:
Não existe nenhum modo de se
medir a inteligência. Consequentemente devemos evitar a prática tradicional de
acreditar que, se conhecemos o QI de uma pessoa, nós também conhecemos sua
inteligência (RENZULLI, 1984, p. 10).
Sendo
assim, a inteligência passou de uma visão unidimensional para uma visão
multidimensional. O aluno passa a ser avaliado de inúmeras maneiras, ou seja,
por suas “habilidades”, “talentos”, “aptidões”. Estudos comprovaram que a
pessoa é muito mais que sua capacidade intelectual de aprender conteúdos, mas
também, e, sobretudo, no desenvolvimento de suas muitas inteligências, podendo
sobressair-se melhor em um contexto que em outro. Partindo
dessa ideia, fatores externos devem ser também observados. O fato é que uma
criança com altas habilidades, que cresce no meio rural, onde sequer é
oferecido a ela o básico de sua capacidade, certamente deixará de desenvolver
seu potencial, seja ele criativo ou intelectual, pois seus traços são
influenciados por suas experiências culturais, que por sua vez, em sua maioria,
neste caso, são limitadas.
A
priori é importante ressaltar que o binômio habilidade e oportunidade é salutar
no que diz respeito aos superdotados. Já que a inteligência é estudada de
maneira multidimensional, não basta possuir as habilidades, elas precisam ser
reforçadas e descobertas para um desenvolvimento sadio e perfeito. Como os
programas que trabalham com os superdotados ainda são poucos, muitos contam
apenas com a sorte e a boa vontade, pois não encontram pessoas capacitadas para
ajudar, os alunos, as pessoas, não se desenvolvem como poderiam. Alguns países,
como os Estados Unidos, capacitam esses professores para trabalharem com esse
aluno superdotado. O fato de haver um professor do programa de superdotados que
possa auxiliar esse professor regular em suas observações possibilita um
trabalho ainda mais dinâmico e eficaz para atender o aluno. Neste país,
investe-se na educação desde os anos iniciais de maneira efetiva e sempre,
buscando resultados. Uma realidade bem diferente do nosso país.
Os
alunos com altas habilidades não são a maioria, mas é de suma importância haver
um olhar de fora que envolva pais, diretores, professores e coordenadores a se
posicionarem favoravelmente aos programas de superdotados já existentes em
nosso país. Visto de maneira multidimensional é até o momento não da exclusão,
e sim de reforçar as habilidades de cada um, como ser humano único, inteligente
e repleto de competências e habilidades.
Muitas
crianças possuem um bom potencial e não o desenvolvem, é o caso de crianças com
várias “inteligências” não conquistarem o sucesso em detrimento de outros
chamados indivíduos não promissores sobressaírem-se mais. Diante disso
observa-se que o desempenho maduro em uma área não significa o desempenho
maduro em outra, e nem por isso o indivíduo deixa de ser talentoso. É preciso
reforçar o que o aluno tem de melhor nas mais diversas áreas de saberes.
Muitos
talentos são ignorados pelas escolas por disporem apenas de um modelo de
inteligência, quando não identificada à habilidade, quanto á inteligência da
criança, esta poderá não desenvolvê-la como poderia. É preciso estar atento e
aberto às transformações que acontecessem durante o desenvolvimento da criança.
Muitas
são as dificuldades enfrentadas pelos superdotados. Essas, por sua vez,
tornam-se motivo para desencadear uma gama muito grande de doenças
psicossomáticas. A dificuldade de relacionarem-se com amigos, colegas e até
mesmo a própria família tem gerado muito sofrimento ao superdotado, sobretudo
porque é uma mente grande em um corpo pequeno, uma criança pensando e vivendo
como adulto.
É
preciso reforçar a importância do cuidado com essas crianças, elas precisam ser
estimuladas não só intelectualmente, mas também psicologicamente.
O
fato de os superdotados apresentarem um desenvolvimento intelectual acelerado
faz com que, muitos deles, sintam-se desmotivados com questões do ambiente
escolar. Esses, por sua vez, preferem lidar com questões filosóficas e éticas
ao invés de conteúdos curriculares.
Há
diferentes facetas do desenvolvimento do superdotado e nem toda a parte física
e mental será desenvolvida da mesma forma. Sobretudo, vem a ideia errônea sobre
o superdotado ser bom em tudo.
Reforço
aqui à necessidade de identificação e acompanhamento dessas famílias onde os
superdotados vão desenvolver-se. É preciso um comprometimento tanto do lado dos
pais, da escola, da família, quanto do superdotado, que ao sentir-se
apoiado desenvolverá suas habilidades intelectuais e sócio emocionais com
segurança. Estando acompanhados e orientados, seus medos, dificuldades
(rótulos), necessidades serão identificados e trabalhados, antes mesmo que se
tornem um tipo de problema, que possa atrapalhar seu desenvolvimento
intelectual e pessoal.
A
família precisa estar à disposição para aconselhamentos, instruções, para lidar
da melhor maneira possível com esse aluno e também com os sentimentos, que o
fato de ter um superdotado em casa pode trazer.
Gardner
ao ressaltar a importância da “teoria de inteligências múltiplas” afirma que o
desenvolvimento intelectual do ser humano é muito complexo, sobretudo no fato
de nem todos terem as oportunidades e os estímulos necessários a seu
desenvolvimento. São muitas as inteligências e em cada uma de suas
especificidades interage com o desenvolvimento geral do homem. É interessante
observar como algum tipo de inteligência sobressai-se em determinada pessoa
quando estimulada para ele.
A
escola deveria centra-se nas capacidades dos alunos e estimulá-las
positivamente na medida em que forem se destacando. Comumente deparamo-nos com
alunos desmotivados por não possuírem nenhum tipo de habilidade cobrada pela
escola, habilidades essas referentes somente ao conteúdo. Esses alunos deveriam
receber estímulos que desenvolvessem as suas inteligências, pois se sobressai
nas escolas que o aluno que se destaca é aquele que é bom em todos os
componentes curriculares. Sendo essa última afirmação falsa, o aluno teme por
não ter habilidades e fica acuado e sem exercer suas capacidades. Quando não
identificada à habilidade quanto à inteligência da criança essa poderá não
desenvolvê-la com o potencial que poderia.
É
notório ressaltar que o sucesso das crianças não está centrado somente em seu
grau de inteligência, mas também nos fatores externos que contribuirão para
esse desenvolvimento. Isso justifica o caso de crianças com várias
“inteligências” não conquistarem o sucesso em detrimento de outros chamados
indivíduos não promissores sobressaírem-se mais. Diante disso observa-se que o
desempenho maduro em uma área não significa o desempenho maduro em outra e nem
por isso o indivíduo deixa de ser talentoso.
Há
muitos seres humanos inteligentes e promissores que muito podem contribuir com
a sociedade. Partindo-se do princípio que diversas são as “inteligências” é
preciso preparar o ser humano para reconhecê-las, estimulá-las e mais ainda,
oferecer oportunidades para que sejam vividas plenamente.
Muitos
talentos são ignorados pelas escolas por disporem apenas de um modelo de
inteligência, visto erroneamente como “gênio” onde as crianças são vítimas de
uma abordagem de visão única e limitadora.
Mesmo
sabendo que o Brasil ainda possui iniciativas muito limitadas quanto à educação
do superdotado, observa-se um interesse crescente pela implementação de
programas especiais, de forma significativa, para ampliar o interesse pelo
superdotado. O reconhecimento das vantagens para o país possibilita a
estudantes que são mais capazes e talentosos, a realização de suas
potencialidades. Esses estudantes, estimulados, devolverão à sociedade
profissionais competentes e emocionalmente estabilizados se foram preparados
para isso. Esses frutos são colhidos devido a uma crescente comunicação entre
educadores e especialistas de diferentes países, que vem se organizando em
distintas associações, como o Conselho mundial para o Superdotado e Talentoso e
o Conselho Europeu para Alta Habilidade.
As
Tendências atuais têm favorecido vários aspectos como: Expansão da clientela;
Investimento na formação do professor; Experiências de enriquecimento em áreas
diversas; Reconhecimento de que as necessidades do superdotado passam pelas
áreas cognitivas, afetiva e social; Reconhecimento da relevância de se preparar
o aluno e investimentos crescentes em pesquisas.
Concluo
afirmando que a educação do superdotado não tem recebido por parte das
autoridades educacionais brasileiras, a atenção devida.
Muitos
são os pontos desejáveis, dentre eles o papel das Universidades que se mantém
omissas diante dessa realidade. Apontam o problema, mas pouco fazem para que
uma realidade nova e positiva seja alcançada.
Portanto,
estamos diante de uma realidade que confere a todos nós, educadores, um grau
maior de responsabilidade por nosso conhecimento e oportunidade.
REFERÊNCIAS
Discussão
Gama Programas de atendimento aos alunos de baixa renda que se destacam por um
potencial superior. In:
FLEITH, D. S.; ALENCAR, E. M. L. S. ( Org.). Desenvolvimento de talentos e altas habilidades (p.177-1780).
Alencar,
Eunice M. L. Soriano de. Superdotados:
determinantes, educação e ajustamento./Eunice M. L. Soriano Alencar, Denise
de Souza Fleith. 2ª. edição – p.p 123-149 - São Paulo: EPU, 2001
Alencar,
Fleith. Superdotados: determinantes,
educação e ajustamento. Capítulos 6 e 7 _ A educação do superdotado em
diferentes países: tendências atuais e O atendimento ao superdotado no Brasil.
Histórico, programas e implicações educacionais
GARDNER,
H. Inteligências múltiplas. A teoria
na prática. P.12 a 36. Porto Alegre: Artes Médicas, 1996.
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