Blog Genialidade e Superdotação,
de autoria de Álaze Gabriel.
Autoria:
Eunice
M. L. Soriano de Alencar. Professora do Instituto de Psicologia da UNB
INTRODUÇÃO
As
questões relativas à identificação e atendimento ao superdotado(1)
têm sido objeto de uma atenção crescente em países dos mais diversos
continentes. Esta atenção reflete a consciência de que o potencial superior é
um dos recursos naturais mais preciosos, responsável pelas contribuições mais
significativas ao desenvolvimento de uma civilização. Neste sentido, Sternberg
& Davidson (1986) destacam, por exemplo, que, quando se volta à História e
se buscam os pilares das grandes civilizações, inevitavelmente as contribuições
artísticas, filosóficas e científicas, fruto da inteligência, talento e
criatividade de alguns indivíduos ou grupos de indivíduos, são apontadas ou
enaltecidas. Observa-se, entretanto, que o interesse por aqueles homens e
mulheres dotados de uma habilidade superior sempre existiu em diferentes sociedades.
Há vários registros históricos indicando, por exemplo, diferentes momentos em
que este interesse veio à tona, como nas propostas de Platão, que defendia a
idéia de que aqueles indivíduos com inteligência superior deveriam ser
selecionados nos seus primeiros anos de infância e suas habilidades cultivadas
em benefício do Estado.
Também
há registros de um sistema de exames competitivos elaborado pelos chineses há
mais de 2000 anos antes de Cristo, para selecionar crianças que se destacavam
por sua inteligência superior,as quais passavamareceber um atendimento
especial. Estas crianças eram denominadas "divinas" e encaminhadas à
corte, tidas como presságio de prosperidade nacional. Especialmente a
imaginação criadora que se manifestava através da poesia e ensaios era
altamente valorizada. Na literatura chinesa, não é raro encontrar referências,
especialmente a crianças com habilidades excepcionais. Um exemplo seria Li Bai,
um famoso poeta chinês, que memorizou a obra de Confúcio quando tinha 5 anos ou
Quan De Yu, que começou a escrever poesia aos 4 (Kwok, sem data).
E
o objetivo do presente texto discutir alguns aspectos relativos à identificação
e atendimento ao superdotado, com vistas a apontar sobretudo para a necessidade
de se implementar no Brasil uma educação que atenda também às necessidades
daqueles alunos que se destacam por um potencial superior.
E
notório que há uma enorme resistência à implementação de um atendimento
diferenciado ao superdotado no sistema educacional brasileiro, fruto sobretudo
de uma série de idéias arraigadas sobre o superdotado e sobre educação. Uma
dessas idéias é a confusão que muitos fazem entre o superdotado e o gênio,
esperando do primeiro um desempenho excepcional constante, que se manifestaria
desde a mais tenra idade. Uma segunda idéia preconcebida é a supervalorização
de fatores genéticos, colocando-se em segundo plano o papel do ambiente para o
desenvolvimento das habilidades e competências. Tal idéia seria responsável
pela consideração do superdotado como um privilegiado, que apresentaria
recursos intelectuais inatos superiores que o habilitaria a sobrepujar as
barreiras do ambiente no sentido de expressar o seu potencial superior,
independentemente do contexto em que se acha inserido. Em países do terceiro
mundo, como o Brasil, onde as carências na área educacional são ilimitadas, é
também comum resistir a qualquer proposta de implementação de programas
especiais para o superdotado, com o argumento de que seria um absurdo investir
nesta área, quando se tem um contingente significativo de analfabetos na
população bem como de infradotados e com deficiência física que permanecem sem
um atendimento especializado.
Também
comum é a expectativa de que o superdotado necessariamente apresentará um
rendimento acadêmico excepcional, independentemente das condições de ensino, da
metodologia utilizada pelo professor e das pressões de grupo de colegas que
comumente são exercidas com relação ao aluno que se destaca por suas idéias ou
habilidades marcantes. Estas e outras idéias errôneas(2)
estão profundamente enraizadas no pensamento popular, fruto da ignorância,
preconceito e tradição, interferindo e dificultando a implantação de programas
para o superdotado.
CONCEITUAÇÃO
O
ponto de partida para uma discussão sobre identificação e atendimento ao
superdotado reside necessariamente na conceituação dos construtos superdotado e
superdotação. Observa-se que esta questão tem sido objeto de numerosas
discussões, com inúmeras abordagens e concepções.
Sternberg
& Davidson (1986), no livro de sua autoria "Concepções da
Superdotação" apresentam, por exemplo, 17 concepções distintas da
superdotação. Estas refletem abordagens psicológicas e enfoques teóricos
bastante diversificados, como a apresentada por Renzulli (1986), Feldhusen
(1986), Csikszentmihalyi & Robinson (1986), Gardner (1983) e Tannenbaum
(1983). Uma análise destas diferentes concepções indica uma ênfase às vezes no
indivíduo, outras na sociedade; no domínio psicológico ou no domínio
educacional; em componentes cognitivos apenas ou nas dimensões cognitivase de
personalidade. Estas diferentes concepções interrelacionam-se, entretanto, em
alguns pontos, sugerindo linhas de pesquisas que certamente contribuem para
testar as diversas teorias propostas.
Dentre
estes diferentes enfoques, destaca-se o de Renzulli, cujas contribuições
teóricas se aliam a práticas de identificação e programas que vêm sendo
amplamente implementados em países de diferentes continentes. Dada a sua
relevância, parte da contribuição deste autor será brevemente descrita a
seguir.
Renzulli
destaca inicialmente dois tipos de superdotação. O primeiro, a que se refere
como superdotação do contexto educacional ("schoolhouse giftedness")
e o segundo a que chama de criativa-produtiva
("creative-productive"). Considera também que ambos os tipos são
importantes, que há usualmente interrelações entre os dois e que se deveriam
implementar programas para encorajar ambos os tipos.
A
superdotação do contexto educacional seria apresentada por aqueles indivíduos
que se saem bem na escola, aprendem rapidamente, apresentam um nível de
compreensão mais elevado e têm sido os indivíduos tradicionalmente selecionados
para participar de programas especiais.
O
segundo tipo de superdotação, a que se refere como criativa-produtiva, diz
respeito aqueles aspectos da atividade humana onde se valoriza o
desenvolvimento de produtos originais. Observa Renzulli que as situações de
aprendizagens planejadas para se promover este tipo de superdotação enfatizam o
uso e aplicação da informação e os processos de pensamento de uma maneira
integrada, indutiva e orientada para problemas reais, distinguindo-se daquelas
situações que visam promover a superdotação do primeiro tipo, uma vez que esta
tende a enfatizar a aprendizagem dedutiva, o treino estruturado no
desenvolvimento de processos de pensamento e a aquisição, armazenagem e
reprodução da informação.
Renzulli
interessou-se especialmente pelo segundo tipo e, com base em pesquisas sobre
pessoas que haviam se destacado por suas realizações e contribuições criativas,
propôs a sua concepção de superdotação, que engloba os seguintes aspectos:
habilidade bem acima da média, envolvimento com a tarefa e criatividade.
O
primeiro aspecto englobaria tanto habilidade geral como habilidades
específicas. A primeira consistiria na capacidade de processar informações,
integrar experiências e se engajar em pensamento abstrato. As habilidades
específicas consistiriam na capacidade de adquirir conhecimento, destreza ou
habilidade para realizar uma ou mais atividades do tipo especializado. Renzulli
dá como exemplos de habilidades específicas o balé, escultura, fotografia,
química e matemática.
Envolvimento
com a tarefa - constitui-se no componente motivacional e representaria a
energia que o indivíduo canaliza para resolver um dado problema ou uma dada
tarefa. Inclui traços como perseverança, dedicação, esforço, autoconfiança, e a
crença na própria habilidade de desenvolver um importante trabalho.
Com
relação à criatividade, um dos aspectos também presentes na concepção de
superdotação apresentada, Renzulli chama a atenção para as limitações inerentes
aos testes de criatividade, sugerindo uma análise dos produtos criativos do sujeito
como preferível a uma análise de seu desempenho em testes de criatividade.
Uma
descrição detalhada das diferentes concepções de superdotação foge aos
objetivos do presente texto. Por esta razão, limitar-nos-emos a sugerir a
leitura da literatura pertinente e especialmente do texto de Sternberg &
Davidson (1986), lembrando que algumas destas concepções foram derivadas de
teorias da inteligência, como, por exemplo, da teoria das múltiplas
inteligências propostas por Gardner (1983) e a teoria triárquica da
inteligência proposta por Sternberg (1985).
E
necessário lembrar ainda que a visão da superdotação como composta por muitas
facetas tem sido ponto de vista comum entre os estudiosos do assunto,que
apontam para uma diversidade de talentos que estariam incluídos no termo
SUPERDOTADO. Esta é a perspectiva adotada oficialmente no Brasil, onde a
seguinte definição tem sido divulgada nos documentos oficiais do Ministério da
Educação:
"São consideradas crianças
superdotadas e talentosas as que apresentam notável desempenho e/ou elevada
potencialidade em qualquer dos seguintes aspectos, isolados ou combinados: a) capacidade
intelectual superior; b) aptidão acadêmica específica; c) pensamento
criador ou produtivo; d) capacidade de liderança; e) talento especial para artes
visuais, artes dramáticas e música; f) capacidade psicomotora”
Esta
definição tem sido, porém, criticada por alguns estudiosos da área, como
Renzulli, especialmente pelo fato de a mesma não incluir fatores motivacionais
e pela natureza não parelela das seis categorias. Neste sentido, Renzulli
afirma:
"Duas entre as seis
categorias (aptidão acadêmica e artes) chamam a atenção para os cantos de
atividade humana ou áreas de desempenho nas quais os talentos e habilidades se
manifestam. As quatro categorias restantes aproximam-se mais de processos que
podem se manifestar em áreas de desempenho. Por exemplo, uma pessoa pode
utilizar o processo de criatividade com relação a uma aptidão específica (como
química) ou arte visual (como fotografia). De forma similar, os processos de
liderança e inteligência geral podem ser aplicados em uma área de desempenho
como coreografia... De fato, pode ser dito que processos como criatividade e
liderança não existem à parte de uma área de desempenho a que podem ser
aplicados" (Renzulli, 1986).
PROCESSOS
DE IDENTIFICAÇÃO
Vários
são os aspectos que têm sido apontados com relação à identificação. Um deles é
o ponto de vista de vários especialistas que consideram a definição ãdotada de
superdotado como o fator determinante do procedimento utilizado na
identificação. Isto justificaria o processo de identificação em vigor na
primeira metade deste século, quando o superdotado era definido como aquele
indivíduo com um QI superior, e quando o processo de identificação se reduzia
simplesmente na aplicação de um teste de inteligência geral, como o
Stanford-Binet, ou o Teste de Matrizes Progressivas de Raven.
Em
décadas mais recentes, a natureza multidimensional do conceito passou a ser
enfatizada, passando os responsáveis pelos programas para o superdotado a
utilizar uma multiplicidade de procedimentos, como testes de inteligência,
criatividade, dados sobre o rendimento acadêmico, complementados com a
observação do professor e questionários e escalas respondidos pelo próprio
aluno.
Nas
duas últimas décadas, várias escalas foram também desenvolvidas paraserem
utilizadas pelos professores com vistas a estimar as características do aluno
nas áreas de aprendizagem, motivação, criatividade, liderança. Como se sabe, em
algumas áreas como criatividade, várias limitações inerentes aos testes têm
sido apontadas, o que tem levado os especialistas a sugerir métodos
alternativos de identificação dos alunos mais criativos.
Também
passou-se a considerar que a identificação deveria variar conforme as características
e objetivos do programa proposto para o superdotado. Desta forma, em um
programa na área artística, a identificação certamente implicará em uma
metodologia que avalia aspectos diversos do talento em questão. De forma
similar, se a proposta do programa é atender aqueles alunos que se destacam na
área de matemática ou ciências, isto irá implicar na identificação de
habilidades específicas relativas a estas áreas. Por outro lado, se a proposta
é identificar alunos universitários que se destacam por suas habilidades
superiores, naturalmente o procedimento de seleção e identificação será
certamente diferente daquele proposto para alunos da pré-escola ou primeiro
grau.
De
forma similar, para a identificação de alunos com um potencial superior
provenientes do meio rural ou das camadas mais pobres da população, cuidados
especiais devem ser tomados, uma vez que os testes e outros instrumentos de
identificação disponíveis são mais adequados para a população de classe média.
Neste grupos, grau de interesse e motivação, originalidade de pensamento, além
de traços de personalidade, como iniciativa e persistência, devem ser
especialmente considerados, apesar de sabermos que tanto o desenvolvimento
cognitivo como os traços de personalidade são profundamente afetados pelas
experiências culturais do indivíduo.
O
DESENVOLVIMENTO DO ALUNO
Muitas
têm sido as propostas implementadas por sistemas educacionais de diferentes
países para atender ao aluno que se destaca por suas habilidades superiores(3).
Estas se enquadram tradicionalmente em três grandes grupos - enriquecimento,
aceleração e segregação -levadas a efeito tanto na própria escola onde o aluno
estuda, como em outros locais disponíveis, como em museus ou universidades.
Nota-se ainda que, em vários países, muitos dos programas montados têm sido em
áreas consideradas prioritárias pelo Estado, como Matemática e Ciências. A
título de ilustração, poder-se-ia lembrar o programa de Ciências qúe é
oferecido na Universidade de Columbia, nos Estados Unidos, para 500 alunos do
ensino de segundo grau, que se destacam por seu desempenho acadêmico e que são
convidados a participar de cursos e seminários aos sábados. Também muito
conhecido é o programa para alunos com habilidades matemáticas superiores na
Universidade John Hopkins, o qual tem recebido crianças e jovens que aí
participam de um programa de alto nível. É o interesse deste programa atender
àquele aluno com raciocínio matemático mais elevado e que tenha um potencial de
se transformar em um notável engenheiro, matemático ou cientista, em áreas que
exijam grande habilidade quantitativa.
Outro
exemplo são os programas que têm sido oferecidos no Instituto para a Promoção
de Artes e Ciências, ligado ao Museu Haaretz e à Universidade de Tel-Aviv, em
Israel, onde anualmente várias centenas de crianças e jovens têm tido
oportunidade de desenvolver as suas habilidades e talentos, através de cursos
que enfatizam sobretudo a criação de idéias. Este Instituto vem oferecendo uma
grande diversidade de cursos, desde a sua fundação, utilizando como um dos
critérios para participação nos mesmos resultados superiores em testes de
inteligência.
As
escolas especiais para talentos acadêmicos, como aEscola de Matemática
eCiências de Moscou, subvencionada pela Universidade de Estado de Moscou,
juntamente com os Jogos Olímpicos ligados às matérias escolares - Matemática,
Física, Química, Biologia, Literatura - e várias das atividades desenvolvidas
nas Casas e Círculos dos Pioneiros, ilustram as provisões levadas a efeito na
Rússia.
No
Brasil, há vários programas para o superdotado. Em Brasília, por exemplo, a
Fundação Educacional do Distrito Federal deu início em 1975 a um programa para
alunos superdotados do ensino de primeiro grau, que inclui atividades de
enriquecimento e aprofundamente curricular. Também em Minas Gerais, um
programa de atendimento ao aluno superdotado do meio rural e periferia urbana
foi iniciado pela professora Helena Antipoff , no início da década de 70,
programa que vem sendo coordenado pelo professor Daniel Antipoff. As atividades
propostas neste programa têm sido sobretudo durante as férias. Elas visam o
enriquecimento das experiências do aluno e o desenvolvimento de suas
habilidades, canalizando os seus interesses e curiosidade através de
investigações e experiências.
Quanto
aos objetivos propostos para os diversos programas, alguns dos que têm sido
usualmente encontrados são apresentados a seguir:
Ajudar aqueles indivíduos, com um
alto potencial, adesenvolver ao máximo os seus talentos e habilidades; Fortalecer
um autoconceito positivo; Ampliar as experiências desses alunos em uma
diversidade de áreas; Desenvolver no aluno uma consciência social; Incrementar
um clima de aprendizagem que resulte em maior produtividade; Favorecer o
ajustamento pessoal e social.
De
forma similar, algumas características têm sido consideradas como importantes
de serem apresentadas pelos professores responsáveis pela implementação do
programa. Algumas destas características são: boa preparação; experiência de
ensino; criatividade e flexibilidade; senso de humor; confiança nos alunos;
entusiasmo.
Especialmente
a preparação dos professores para atender adequadamente a este grupo de alunos
tem recebido uma grande atenção. É relevante lembrar que não basta que o
professor domine a sua área de conhecimento. É importante que ele utilize
também estratégias que favoreçam o desenvolvimento integral do aluno, que
possibilite o treino de habilidades cognitivas diversas, criando ainda em sala
de aula um ambiente favorável à exploração e à descoberta, à produção de idéias
e de conhecimento.
Para
finalizar, é necessário destacar a necessidade de uma maior divulgação entre
educadores e psicólogos brasileiros do enorme desperdício de talento e
potencial humano em nosso
País decorrente de uma visão limitada de educação e das
poucas possibilidades oferecidas ao desenvolvimento e expressão da
inteligência, da criatividade e do talento. Vivemos em um momento da História
caracterizado por uma necessidade crescente de indivíduos com competência
acentuada nas mais diversas áreas. São os superdotados aqueles que certamente
maiores contribuições poderão dar à sociedade, desde que sejam reconhecidos, identificados
e tenham o seu potencial superior desenvolvido e aproveitado. Cabe a todos nós,
psicólogos e educadores, contribuir para que isto se concretize.
NOTAS
(1) Este
texto se baseia em uma palestra proferida durante o 1º Congresso Nacional de
Psicologia Escolar, em novembro de 1991. Está prevista a sua publicação nos anais desse evento.
(2) Discuto
as diversas idéias errôneas sobre o superdotado no texto de minha autoria "Psicologia
e Educarão do Superdotado" (Alencar, 1986).
(3) As
idéias aqui contidas foram apresentadas no artigo "O Estímulo ao
Talento e à Excelência" (Alencar, 1986).
BIBLIOGRAFIA
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Educação do Superdotado. São Paulo, EPU.
ALENCAR. E.M.L.S. (1988). O Estímulo ao
Talento e à Excelência. In: Jornal de Psicologia, 7(3). 10-13.
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FELDHUSEN,
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STERNBERG,
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Cambridge University Press.
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R.J. & DAVIDSON. J.B. (1986). Conceptions of Giftedness. Cambridge:
Cambridg e University Press.
TANNEMBAUM,
A. (1983). Gifted Children. Psychological and Educational Perspectives. New York, Macmillan Publishing Co.
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