Autoria:
GIFTED, Álaze Gabriel. Os três pilares da metodologia da pesquisa científica: uma revisão da literatura. Revista Ágora. Unimes Virtual. Volume 1. Número 1. Dezembro de 2015.
Formação do autor:
Graduado em Gestão Empresarial (2012);
Pós graduado no MBA em finanças e controladoria UBC (2014);
Pós graduado em Docência e Pesquisa para o Ensino Superior (2015).
RESUMO
O
artigo busca refletir sobre os três pilares constituintes da
metodologia da pesquisa científica, quais sejam: o epistemológico,
o lógico e o técnico. Realiza de forma bastante abrangente, porém
não exaustiva, uma revisão da literatura crítica sobre o tema,
buscando clarear a sua correta compreensão e o seu adequado uso.
Para tanto, utiliza: o método crítico-dialético, ou
histórico-estrutural, como a base lógica da sua investigação; o
método hipotético-dedutivo, como a base da sua estrutura de
pensamento; e o método observacional não participante, do tipo
bibliográfico, como a base procedimental da sua investigação.
Conclui que, no que tange aos óbices para o progresso científico,
dentre os principais estão as imperfeitas interpretações humanas e
as más adequações e ou aplicações dos métodos de pesquisa por
parte do pesquisador. Por fim, considera e apresenta a ética como
elemento propulsor da autêntica cientificidade.
Palavras-chave:
Pesquisa
científica. Metodologia científica. Ensino
Superior.
THREE
PILLARS OF THE METHODOLOGY OF SCIENTIFIC RESEARCH: A LITERATURE
REVIEW
ABSTRACT
The article seeks to reflect on the three constituent pillars of the scientific research methodology, namely: the epistemological, logical and technical. It performs quite comprehensive, but not exhaustive review of the critical literature on the subject, trying to lighten their correct understanding and proper use. For this, use: the critical-dialectical method, or historical-structural, as the rationale for their research; the hypothetical-deductive method, as the basis of his thought structure; and the non-participant observational method, the bibliographical, procedural as the basis of their research. It concludes that, with respect to obstacles to scientific progress, are among the main imperfect human interpretations and bad adjustments and or application of research methods by the researcher. Finally, it considers and presents ethics as propellant element of authentic scientific.
The article seeks to reflect on the three constituent pillars of the scientific research methodology, namely: the epistemological, logical and technical. It performs quite comprehensive, but not exhaustive review of the critical literature on the subject, trying to lighten their correct understanding and proper use. For this, use: the critical-dialectical method, or historical-structural, as the rationale for their research; the hypothetical-deductive method, as the basis of his thought structure; and the non-participant observational method, the bibliographical, procedural as the basis of their research. It concludes that, with respect to obstacles to scientific progress, are among the main imperfect human interpretations and bad adjustments and or application of research methods by the researcher. Finally, it considers and presents ethics as propellant element of authentic scientific.
Keywords: Scientific Research. Scientific methodology. Higher education.
TRES
PILARES DE LA METODOLOGÍA DE LA INVESTIGACIÓN CIENTÍFICA: UN
ESTUDIO DE LA LITERATURA
RESUMEN
El artículo pretende reflexionar sobre los tres pilares que constituyen la metodología de la investigación científica, a saber: el epistemológico, lógico y técnico. Se realiza revisión bastante completa, pero no exhaustiva de la literatura crítica sobre el tema, tratando de aligerar su correcta comprensión y uso adecuado. Para ello, utilice: el método crítico-dialéctico o histórico-estructural, como la justificación de su investigación; el método hipotético-deductivo, como base de su estructura de pensamiento; y el método de observación no participante, la bibliográfica, procesal como la base de sus investigaciones. Llega a la conclusión de que, con respecto a los obstáculos para el progreso científico, son algunas de las principales interpretaciones imperfectos humanos y malos ajustes y o la aplicación de métodos de investigación por el investigador. Por último, se considera y presenta la ética como elemento propulsor de la auténtica científica.
El artículo pretende reflexionar sobre los tres pilares que constituyen la metodología de la investigación científica, a saber: el epistemológico, lógico y técnico. Se realiza revisión bastante completa, pero no exhaustiva de la literatura crítica sobre el tema, tratando de aligerar su correcta comprensión y uso adecuado. Para ello, utilice: el método crítico-dialéctico o histórico-estructural, como la justificación de su investigación; el método hipotético-deductivo, como base de su estructura de pensamiento; y el método de observación no participante, la bibliográfica, procesal como la base de sus investigaciones. Llega a la conclusión de que, con respecto a los obstáculos para el progreso científico, son algunas de las principales interpretaciones imperfectos humanos y malos ajustes y o la aplicación de métodos de investigación por el investigador. Por último, se considera y presenta la ética como elemento propulsor de la auténtica científica.
Palabras
clave:
Investigación Científica. La metodología científica. Educación
Superior.
INTRODUÇÃO
A
Metodologia, enquanto disciplina, preocupa-se, a
priori,
com o estudo das fases, das abordagens e dos meios lógicos de
investigação de um determinado objeto. O termo metodologia
deriva-se da expressão latina “methodus”
que significa caminho ou meio para a realização de algo, e da
expressão grega “logos”
que significa estudo, análise. Logo, metodologia da pesquisa vem a
ser, a
priori,
o estudo dos meios ou caminhos adequados para se investigar um objeto
(BARROS e LEHFELD, 2000, 2007).
Existem
vários critérios para se classificar ou se caracterizar a pesquisa
científica, dentre eles a natureza, o modo da obtenção das
informações, a abordagem e os objetivos (RODRIGUES, 2006; GIL,
2010). Por exemplo, quanto à natureza a pesquisa científica pode
ser um trabalho original, primário, ou um resumo ou uma resenha de
assuntos, secundário; quanto à obtenção de informações, ela
pode ser bibliográfica, documental, de campo ou de laboratório;
quanto à abordagem, ela pode ser quantitativa, qualitativa ou mista;
quanto aos objetivos, ela pode ser exploratória, descritiva ou
explicativa (CRESWELL, 2010; RODRIGUES, 2006).
O
que Gil (1999) denomina métodos que determinam as bases lógicas de
investigação e métodos que indicam os meios técnicos de
investigação, o geógrafo Rodrigues (2006) denomina métodos de
abordagem e métodos de procedimento, respectivamente. Neste
diapasão, Rodrigues (2006, p. 137-143) apresenta, sinteticamente,
cinco métodos de abordagens, quais sejam:
O
método
indutivo
é aquele pelo qual uma lei geral é estabelecida a partir da
observação e da repetição de regularidades em casos particulares,
isto é, por meio de observações particulares, chega-se à
afirmação de um princípio geral. [...]
Ao
contrário da indução, o método
dedutivo
é um processo de raciocínio lógico que, a partir de princípios e
proposições gerais ou universais, chega a conclusões menos
universais ou particulares. [...]
O
método
hipotético-dedutivo
[...] consiste na formulação da noção de falseabilidade como
critério fundamental para a explicação das teorias científicas.
[...]
O
método
dialético
procura contestar uma realidade posta, enfatizando as suas
contradições. Para toda tese, existe uma antítese que, quando
contraposta, tende a formar uma síntese. [...]
O
método
fenomenológico é
o estudo dos fenômenos, em si mesmos, apreendendo sua essência,
estrutura de sua significação. [...] A fenomenologia consiste na
descrição de todos os fenômenos [...]
(grifos
meus)
Em
seguida, Rodrigues (2006, p. 143-149) apresenta sinteticamente oito
métodos de procedimento, a saber:
O
método
estatístico
fundamenta-se na utilização da estatística para a investigação
de um fenômeno ou objeto de estudo. Esse método contribui para a
coleta, a organização, a descrição, a análise e a interpretação
de dados, e para a utilização desses dados na tomada de decisões.
[...]
O
método
comparativo
conduz à investigação por meio da análise de dois ou mais fatos
ou fenômenos, procurando ressaltar as diferenças e similaridades
entre eles. [...]
O
método
experimental consiste
em submeter o fenômeno estudado à influência de certas variáveis,
em condições controladas e conhecidas pelo pesquisador, para
verificar os resultados que essas variáveis produzem no objeto.
[...]
O
método
tipológico
consiste na elaboração de modelos ideais que servem para análise
ou avaliação de uma realidade concreta. [...]
O
método
histórico
conduz à investigação a partir do estudo dos acontecimentos, dos
processos e das instituições do passado, procurando explicar sua
influência na vida social contemporânea. [...]
O
método
funcionalista
estabelece uma analogia entre a sociedade e o organismo. Estuda os
fenômenos sociais a partir de suas funções, analisando as partes
inter-relacionadas e interdependentes para compreender o
funcionamento do todo, isto é, o sistema social total. [...]
O
método
estruturalista
é utilizado para o estudo de culturas, linguagens, etc., como um
sistema em que os elementos constituintes mantém, entre si, relações
estruturais. [...]
O
método
clínico é
usado principalmente por psicólogos em uma relação entre o
pesquisador e o pesquisado. [...]
Com
base nesses pressupostos apresentados por Gil (1999; 2010) e por
Rodrigues (2006), percebe-se que essas maneiras exemplificadas de
dimensionar a Metodologia
são bastante confusas, imprecisas, incoerentes, visto que,
valendo-se do princípio lógico da não contradição, os pilares
epistemológico, lógico e técnico diferem entre si, não podendo
ser partes integrantes um do outro, embora os três componham os
pilares fundamentais da metodologia da pesquisa científica.
Inobstante, não somente essa, mas as divisões em geral atualmente
adotadas para os pilares metodológicos da pesquisa científica são
igualmente confusas e longe passam de abarcar todos os seus
principais aspectos e, amiúde não facilitam o trabalho do
pesquisador quando de sua investigação (TEIXEIRA, 2012; BARROS e
LEHFELD, 2000; GIL, 1999; 2010; RODRIGUES, 2006).
A
percepção da imensa imprecisão terminológica, conceitual,
taxonômica e conteudal presente na vasta literatura crítica
consultada
sobre
a metodologia da pesquisa científica foi a minha principal motivação
para a construção desse compêndio. Então, quando eu observei
atentamente as palavras de Barros e Lehfeld (2000; 2007), eu
constatei que elas deixam facilmente compreendido que os pilares
metodológicos da metodologia da pesquisa científica consistem em
três eixos fundamentais: a base
epistemológica de investigação,
que indica a forma de conceber a ciência, o homem e o mundo em que
ela é produzida; a base
lógica de investigação,
que indica a estrutura dos pensamentos e a sequência das fases da
pesquisa; e a base
técnica de investigação,
que indica os ritos procedimentais, no que concerne à(s)
abordagem(ns), à(s) técnica(s) e aos instrumentos utilizados. Na
perspectiva de dimensionar a divisão da Metodologia de uma maneira
mais precisa, coerente e consistente eu considero os seus dizeres
(BARROS e LEHFELD, 2000, p. 13) como fundantes do presente trabalho:
[…]
é possível dimensionar a divisão da Metodologia
em três aspectos interconectados, ou seja, o epistemológico, o
lógico e o técnico, elementos necessários à construção da
Ciência:
a)
Epistemológico:
refere-se
ao estudo das questões que se pode levantar na procura da verdade,
discussão dos limites, alcance e valor dos métodos científicos
(estudo crítico dos métodos científicos);
b)
Lógico:
supõe a organização lógica do raciocínio na prática da
investigação e da ação científica;
c)
Técnico:
é
o científico das técnicas e procedimentos específicos utilizados e
contextos particulares das pesquisas temáticas problematizadas nas
diferentes ciências.
Embora
haja algumas maneiras distintas de se apresentar a metodologia da
pesquisa científica, conforme encontrado na literatura crítica
sobre o tema (TEIXEIRA,
2012; BARROS e LEHFELD, 2000; 2007; GIL, 1999; 2010; RODRIGUES,
2006). Por
exemplos, Gil (1999; 2010) e Rodrigues (2006), aquela que Barros e
Lehfheld (2000; 2007) explana é, a meu ver, bastante coerente, razão
pela qual é tomada como base para esse artigo, que se encontra em
andamento, mas em fase avançada de elaboração.
São
três os pilares da metodologia científica apresentados por Barros e
Lehfeld (2000; 2007), quais sejam: o epistemológico,
o lógico
e o técnico.
No meu trabalho, que estou elaborando com fundamentos na vasta
literatura crítica sobre o tema e com o auxílio das disciplinas
cursadas em Gestão de Negócios e no MBA em finanças e
controladoria bem como em outras que estou cursando na pós-graduação
lato sensu em Docência e pesquisa para o ensino superior, onde há
uma explanação de forma bastante original cada um desses pilares.
Para tanto, utiliza-se o método crítico-dialético, como o seu
pilar epistemológico; o método hipotético-dedutivo, como o seu
pilar lógico; e o método observacional não participante dos tipos
bibliográfico e documental, como o seu pilar técnico.
Assim
,
é indubitável que, ao rever de forma tão abrangente a literatura
crítica do tema e ao apresentá-la com máxima clareza e
objetividade, o autor cumpre a sua finalidade de desmistificar o
processo da pesquisa científica, mostrando que, apresar de seu
desenvolvimento ser bastante trabalhoso e rigoroso no que tange às
normas técnicas de elaboração e apresentação, consiste em uma
tarefa relativamente simples e completamente realizável a todo(a)
pesquisador(a), ainda que incipiente, e que se torna cada vez mais
agradável na medida em que ele(a) ganha quilometragem nessa
fantástica experiência.
Digno
de nota que ao me aludir aos três pilares
da
metodologia da pesquisa científica, eu chamo à
atenção dois aspectos chave: primeiro,
as bases constituintes da ciência, tal como as colunas bem
ferramentadas e bem cimentadas que sustentam uma edificação, sem as
quais a sua estrutura enfraquece, ou seja, a cientificidade da
pesquisa se atenua ao ponto de se tornar vulnerável a qualquer teste
de falseabilidade; e segundo,
que
o conteúdo aqui apresentado não exaure o tema investigado,
consistindo naquilo que o autor considera o mais importante e
necessário no processo de investigação científica, deixando,
desse modo, margem para ulteriores aprofundamentos (TEIXEIRA, 2012;
BARROS e LEHFELD, 2000; 2007; GIL, 1999; 2010; RODRIGUES, 2006).
O
PILAR EPISTEMOLÓGICO
O
pilar
epistemológico
refere-se ao conjunto de pressupostos ontológicos, morfológicos,
gnosiológicos, teóricos e éticos, norteadores da pesquisa
científica em um nível estratégico. É, portanto, o pilar
estratégico,
ou diretivo,
da pesquisa científica. Considera sensivelmente a concepção de
homem, de vida, de mundo, de ciência e de ética que o pesquisador
tem tanto quanto as suas relações com o objeto da sua investigação
(GILES, 1979; PIAGET, 1973; KÖCHE, 1997; TEIXEIRA 2012; EL-GUINDY,
2004; VERGARA, 2012).
Por essas razões, os seus enfoques (métodos) podem ser
apropriadamente denominados bases
estratégicas da investigação
ou bases
diretivas constitucionais da investigação.
A
base
diretiva da investigação fenomenológico-hermenêutica
concebe a ciência como a compreensão dos fenômenos em suas
diversas manifestações; o
homem é tido como projeto, ser inacabado, ser de relações com o
mundo e com os outros; defende a transição de uma visão
sincrônica, como
que um “raio x” do fenômeno,
para
uma visão diacrônica; defende a transcrição de uma visão
isolacionista, homogênea, não-conflitiva para uma visão dinâmica.
Seu caráter é cientificista,
isto é, o conhecimento é teórico, abstrato, resultado do
raciocínio. Ela tem por objetivo a exploração
descritiva do comportamento de um fenômeno,
isto é, de um fato observado externamente. Por essa razão, o grau
de aproximação entre sujeito pesquisador e objeto investigado por
uma pesquisa dirigida por essa base é levemente sensível, e ela
foca, não nas causas e nos efeitos, mas na descrição da realidade
do objeto investigado (TEIXEIRA 2012; VERGARA, 2012).
A
base
diretiva da investigação empírico-analítica
concebe que a
ciência tem como finalidade a procura das causas dos fenômenos e a
explicação dos fatos pelos condicionantes e os antecedentes que os
geram; o homem é definido pelo seu perfil, é tido como recurso
humano (imput)
ou produto do processo (output),
como agente, funcionário; considera uma preocupação sincrônica:
visão geral e instantânea do objeto estudado (a foto do fato);
defende uma visão fixista, funcional, predefinida e predeterminada.
Seu caráter é tecnicista,
isto é, o conhecimento é prático, aplicado, resultado da
experiência. Ela tem por objetivo a experiência
do objeto investigado,
ou seja, o objeto é uma experiência vivenciada pelo sujeito
pesquisador. Por essa razão, o grau de aproximação entre sujeito
pesquisador e objeto investigado por uma pesquisa dirigida por essa
base é ligeiramente sensível, o que facilita a precisão na sua
análise (TEIXEIRA,2012; VERGARA 2012).
A
base
diretiva da investigação crítico-dialética
concebe a
ciência como produto da ação do homem e, portanto, tida como uma
categoria histórica e a produção científica uma construção; o
homem é tido tanto como ser social e histórico, determinado pelos
múltiplos contextos como criador e transformador de múltiplos
contextos; defende uma preocupação diacrônica: vê a dinâmica do
objeto estudado, o movimento (o filme do real); defende um visão
dinâmica, conflitiva, heterogênea, ou seja, uma percepção
organizada da realidade que se constrói através da prática
cotidiana do pesquisador e das condições concretas de sua
existência.
Seu caráter é historicista,
ou seja, situado entre o caráter cientificista e o caráter
tecnicista. Ela tem como objetivo a historicização
do objetivo investigado,
levando-se em consideração as suas causas e os seus efeitos nos
campos cívico, moral, econômico, sociológico, tecnológico,
religioso, político e científico da vida humana. Por essa razão, o
grau de aproximação entre sujeito pesquisador e objeto investigado
por uma pesquisa dirigida por essa base é moderadamente sensível, e
ela é bastante comum nos estudos interdisciplinares (TEIXEIRA, 2012;
VERGARA, 2012).
O
PILAR LÓGICO
O
pilar
lógico
refere-se ao conjunto de pressupostos estruturais do pensamento,
norteadores da pesquisa científica em um nível tático. É,
portanto, o pilar
tático,
ou gerencial,
da pesquisa científica. Considera o ponto exato de partida do
raciocínio utilizado bem como as nuances dos seus avanços. Por essa
razão, os seus enfoques (métodos) podem ser apropriadamente
denominados bases
táticas da investigação
ou bases
estruturais do pensamento da investigação (CRESWELL,
2010; TRIVIÑOS, 1987).
A
base
estrutural de pensamento silogístico-indutiva, também
denominada lógica
teorética,
é aquela que parte de um conjunto de proposições que seguem uma ou
mais tendências
teoréticas
específicas
(particulares) e ruma para conclusões
generalizadas
(gerais). Por essa razão ela é mais utilizada em estudos
cientificistas, ou seja, aqueles mais voltados para o campo das
abstrações. (MARCONI e LAKATOS, 2003; 2007; 2008; GIL, 1999; 2010).
A
base
estrutural de pensamento semântico-indutiva,
também denominada lógica
produtiva,
é aquela que parte de um conjunto de proposições que seguem uma ou
mais tendências
semânticas específicas
(particulares) e ruma para conclusões
generalizadas
(gerais). Por essa razão ela é mais adequada para estudos
historicistas, cujas semânticas precisam ser interpretadas sempre
levando-se em consideração as causas e os efeitos do objeto
investigado em todos os campos da vida humana. (MARCONI e LAKATOS,
2003; 2007; 2008; GIL, 1999; 2010; CHAUÍ, 2008).
A
base
estrutural de pensamento pragmático-indutiva, também
denominada lógica
prática,
é aquela que parte de um conjunto de proposições que seguem uma ou
mais tendências
pragmáticas específicas
(particulares) e ruma para conclusões
generalizadas
(gerais). Por essa razão ela é mais adequada para estudos
tecnicistas, ou seja, aqueles mais voltados para o campo das
técnicas. (MARCONI e LAKATOS, 2003; 2007; 2008; GIL, 1999; 2010;
CHAUÍ, 2008).
A
base
estrutural de pensamento axiomático-dedutiva é
aquela que parte de um conjunto de axiomas
genéricos
(gerais) e ruma para conclusões
específicas
(particulares). Normalmente ela é mais utilizada na área das
ciências exatas e da natureza, devido ao fato de seus estudos, em
geral, serem cientificistas, ou seja, mais voltados para o campo das
abstrações. (CRESWEL, 2010; GIL, 1999; 2010).
A
base
estrutural de pensamento hipotético-dedutiva
é aquela que parte de um conjunto de hipóteses
(possibilidades) genéricas
e ruma para conclusões
específicas
(particulares). Essa base é bastante comum tanto nos estudos
historicistas, quanto nos tecnicistas e nos cientificistas, sejam
eles das ciências humanas, exatas, sociais, da vida, da natureza,
etc. (CRESWEL, 2010; GIL, 1999; 2010).
A
base
estrutural de pensamento silogístico-dedutiva
é aquela que parte de, e somente de, duas proposições, uma
genérica e uma específica, chamadas de premissas,
conduzindo o raciocínio a uma conclusão
particular óbvia.
Essa base nasceu com o renomado filósofo Aristóteles, era em sua
época a mais utilizada, tanto na forma dedutiva quando na indutiva,
sendo hoje mais frequente em estudos cientificistas. (CRESWEL, 2010;
GIL, 1999; 2010; CHAUÍ, 2008).
O
PILAR TÉCNICO
O
pilar
técnico
refere-se ao conjunto de pressupostos de abordagem,
de modalidade
sequencial
(pesquisa mista), de base
e subbase
procedimentais (pesquisa
observacional), de técnicas
e subtécnicas,
de instrumentos,
de recursos
(inclusive o tempo) e de lócus,
norteadores
da pesquisa científica em um nível operacional. É, portanto, o
pilar
operacional,
ou funcional,
da pesquisa científica. Considera as fases pré-implementatória
(trabalho ou redação de ensaio), implementatória (execução do
trabalho ou da redação de ensaio) e pós-implementatória
(publicação dos resultados finais) da investigação científica
(MARCONI e LAKATOS, 2003; 2007; 2008; GIL, 1999; 2010; ECO, 2012;
THIOLLENT,
2003; 2011; YIN, 2010).
Por essa razão, os seus enfoques (métodos) podem ser
apropriadamente denominados bases
operacionais da investigação
ou bases
funcionais da operação de investigação .
As
abordagens
de investigação
podem ser qualitativa
(dados e linguagem alfabéticos), quantitativa
(dados e linguagem numéricos) e mista
(um pouco quali, um pouco quanti) (CRESWELL,
2010; RODRIGUES, 2006).
As
modalidades
sequenciais,
inerentes aos métodos mistos de investigação, podem ser estratégia
explanatória sequencial,
estratégia
exploratória sequencial,
estratégia
transformativa sequencial,
estratégia
de triangulação concomitante,
estratégia
incorporada concomitante
e estratégia
transformativa concomitante
(CRESWELL, 2010).
As
bases
procedimentais de investigação
podem ser a observacional,
a experimental,
a estatística
e ou a clínica
(GIL, 1999; 2010). Cada uma delas é classificada de acordo com as
técnicas de coleta de dados utilizadas, sendo, portanto, a
observação,
a experimentação,
a amostragem
e a testagem,
respectivamente.
As
técnicas
de investigação
podem ser de coleta
(levantamento bibliográfico, levantamento documental, entrevista,
intervenção, experimentação, amostragem, testagem), de registro
(planificação manual, planificação eletrônica), de
sistematização
(suposições, hipóteses, indagações, suspeitas, curiosidades,
conjecturas), de organização
(categorização, codificação, tabulação), de análise
ou interpretação
(AD, AC, hermenêutica), de formalização
(TCC, dissertação, tese, artigo, resenha, periódico, revista,
software,
patente, obra de arte) e de apresentação
(exposição oral, exposição visual, exposição mista) (SEVERINO,
2007; GIL, 1999; 2010).
Os
instrumentos
de investigação
tratam-se dos materiais utilizados para a coleta dos dados. Podem ser
o protocolo
observacional,
o protocolo
de entrevista,
o diário
de campo,
as escalas
sociais,
os testes,
o questionário,
o formulário
(MARCONI e LAKATOS, 2003; 2007; 2008)
Os
recursos
tratam-se dos requisitos necessários à viabilidade da investigação
científica. Podem ser tecnológicos
(hardware,
software,
materiais escolares, laboratórios de informática, bibliotecas),
financeiros
(valores monetários, bolsas de estudo, ajudas de custo, premiações),
humanos
(grupos de pesquisa, orientadores, coorientadores, coautores,
examinadores, colaboradores, normas justas) e tempo
(cronogramas executáveis, metas alcançáveis).
Os
lócus
tratam-se dos espaços físicos, isto é, os lugares onde são
realizadas as etapas da investigação científica. Podem ser de
coleta
(uma biblioteca), de registro
(um telecentro), de sistematização
(uma praça), de organização
(um albergue), de análise
ou interpretação
(uma feira de domingo), de formalização
(uma universidade) e de apresentação
(um encontro universitário).
Finalmente,os
pilares epistemológico
(estratégico/diretivo), lógico
(tático/gerencial) e técnico
(funcional/operacional) da metodologia da pesquisa científica,
processo compreendido por uma investigação sistemática,
estruturada e rigorosa que objetiva produzir um tipo de conhecimento
considerado mais seguro, mais confiável – ainda que inacabado,
provisório e, portanto, sujeito a aprofundamentos ulteriores –,
precisam satisfazer três critérios de verdades: a sintática
(enunciados lógicos, coerentes), a semântica
(consistência na literatura crítica e nos fatos) e pragmática
(exame pareado, aprovação dos seniores no tema).
Desse
modo, independente do ponto de partida do estudo (axiomas, hipóteses,
tendências sintáticas, semânticas ou pragmáticas), uma vez
vencendo todos
os testes de falseabilidade,
o conhecimento não é rejeitado e passa a gozar de elevado
status de cientificidade
dentro e fora da comunidade científica, alcançando – ou pelo
menos buscando alcançar – a universalidade
científica (GILES,
1979; KÖCHE, 1997; MENEZES,1938).
METODOLOGIA
Com
fundamentos em renomados autores sobre metodologia da pesquisa
científica, tais como Bêrni e Fernandez (2012), Teixeira (2012),
Eco (2012), Vanconcellos (2010), Creswell (2010), Menezes (1938),
Giles (1979), Köche (1997), Marconi e Lakatos (2003; 2007; 2008),
Gil (1999; 2010), dentre vários outros, foram utilizados, para a
adequada elaboração do presente artigo científico, os seguintes
métodos:
1. Eixo
epistemológico: método crítico-dialético (ou
histórico-estrutural)
Considerando
que
os
fatos
sociais
não
podem
ser
compreendidos
quando
considerados
isoladamente,
abstraídos
de
suas
influências
políticas,
econômicas
e
culturais,
a
tendência
metodológica
crítico-dialética
fornece
as
bases
para
uma
interpretação
dinâmica
e
totalizante
da realidade
(GIL,
1999, 2010).
Para Oliveira
(1997, p. 69), são as seguintes
as
leis
da dialética:
a)
Cada
coisa
é
um
processo,
isto
é,
uma
marcha,
um
tornar-se.
Se
se
examina
uma
pera,
vê-se
que
é
uma
síntese
momentânea
deste
processo.
Antes
de
ser
pera
foi
flor
e,
posteriormente,
poderá
ser
uma
árvore.
Conclui-se
que
está,
no
momento,
submetida
a uma lei
interna
de
movimento.
Dessa
forma,
as
coisas
não
são
consideradas
como
realizadas,
mas,
isto
sim,
em
processo
de
realização.
As
coisas
se
modificam
e
se
transformam
em
virtude
das
leis
internas,
do
seu
autodinamismo
e
das
contradições
que
encerram.
b)
Existe
um
encadeamento
dos
processos.
A
flor
se
modifica
em
pera,
esta
em
árvore
e
a
árvore
em
húmus,
este
em
novos
processos
vitais,
químicos
ou
físicos,
meio
ambiente,
etc.
O mundo
é
o
conjunto
de
todos
os
processos,
onde
tudo
sofre
uma transformação
concentrada
e
progressiva.
Este
encadeamento
dos
processos
não
é
circular,
mas
espiral.
Basta
ver
que
uma
pera
gera
uma
árvore,
mas
uma
árvore
gera
milhares
de
peras,
que
não
são
integralmente
idênticas
à
ancestral.
c)
No
movimento
dialético,
as
coisas
trazem
em
si
suas
contradições.
São
levadas
a
transformar-se
no
seu
contrário.
O
vivo,
por
exemplo,
caminha
para
a
morte.
Conclui-se,
de
acordo
com
Hegel,
que
uma
coisa
é
ao
mesmo
tempo
ela
própria
–
Tese
–
e
uma
contrária
–
Antítese.
A
coisa
no
momento
é
simplesmente
uma
Síntese.
No
método
dialético
temos
duas
divisões
opostas:
a
que leva
o
ser
para
a
sua
construção,
para
ser
precisamente
o
que
não
é.
d)
Em várias
oportunidades,
um
processo
que
se orienta
em
ritmo
quantitativo
de
repente
muda
qualitativamente.
Considera-se
qualitativo
quando
ocorre
a
mudança
na natureza.
Se
quisermos
uma
certa
quantidade
de água,
sua
temperatura
vai
subindo
quantitativamente
10,
15,
20
…
90
graus
centígrados;
aos
100
graus,
entretanto,
ocorre
uma
mudança
brusca
de
estado
físico.
Ela
entra
em
ponto
de
ebulição.
Trata-se
de
uma
mudança
qualitativa.
Ela
deixa
o
estado
líquido
e
passa
para
o
gasoso,
evaporação.
Por
estas
razões,
percebe-se
que no encadeamento
dos
processos
dialéticos
as transformações
acontecem
quantitativa
e
qualitativamente
(OLIVEIRA,
1997).
No presente artigo, tal método se justifica devido à necessidade de
historicização do objeto de pesquisa, levando-se em consideração
suas causas e seus efeitos em todas as áreas de conhecimento e em
todos os campos da vida humana (TEIXEIRA, 2012; VERGARA, 2012;
VASCONCELLOS, 2010).
O
conhecimento é, de fato, construído, estruturado, individual e
coletivamente, ou seja, historicamente. Não só por meio de
experiências nem só por meio de abstrações é que se constrói o
conhecimento, sendo que, por essa razão, ainda que existam
determinados campos de uma área do saber de caráter cientificista
(i.e., teorético, abstrato), e outros de caráter tecnicista (i.e.,
prático, concreto), o conhecimento de toda e qualquer área de
conhecimento precisa ocorrer nas duas formas, simultaneamente ou não,
mas as duas para se tornar completo, adequado às realidades que
vivenciamos (VASCONCELLOS, 2010; ECO, 2012; TEIXEIRA, 2012; VERGARA,
2012).
2. Eixo
lógico: método hipotético-dedutivo
A
base estrutural dedutiva consiste no método de estrutura de
pensamento mais utilizada, aceita, respeitada e defendida pelos
cientistas racionalistas, devido ao nível de certeza por ela
produzido (BÊRNI e FERNANDEZ, 2012). Historicamente, esse método
originou outros dois bem parecidos no que tange à estrutura de
pensamento: o axiomático-dedutivo e o hipotético-dedutivo. Sobre
esses aspectos, Bêrni e Fernandez (2012, p. 49) ratificam:
No
método dedutivo, o caminho é inverso àquele seguido no método
indutivo, uma vez que, partindo de alguns enunciados de caráter
universal, inferem-se enunciados particulares. Como fruto do
desenvolvimento conjunto da lógica e da matemática, a partir do
final do século XIX, o método dedutivo pode ser aplicado a dois
esquemas, historicamente mais recentes, que são o
axiomático-dedutivo e o hipotético-dedutivo.
O
primeiro caso é útil quando as premissas de partida são axiomas,
não demonstráveis, como no caso das ciências formais. No segundo,
ilustrado pelas ciências empíricas, os melhores resultados emergem
de situações em que as premissas sejam hipóteses que se refiram a
algum aspecto da realidade. [...]
Com
base nos pressupostos apresentados, deduz-se que o método dedutivo é
a base mais confiável, razoável, e, portanto, segura de se
estruturar o pensamento no processo de produção de conhecimento
(BÊRNI e FERNANDEZ, 2012).
3. Eixo
técnico: método observacional não participante bibliográfico
a)
Abordagem de pesquisa: qualitativa
Considera-se
abordagem qualitativa aquela cujos dados e linguagem sejam
predominantemente alfabéticas. Sobre essa abordagem de pesquisa,
Rodrigues (2007, p. 38) explana:
Qualitativa
é a pesquisa que - predominantemente - pondera, sopesa, analisa e
interpreta dados relativos à natureza dos fenômenos, sem que os
aspectos quantitativos sejam a sua preocupação precípua, a lógica
que conduz o fio do seu raciocínio, a linguagem que expressa as suas
razões. Também não denota filiação teórico-metodológica, nem
implica o uso de hipótese, de experimentação ou de qualquer outro
detalhe. Sintetizando: qualitativa é a denominação dada à
pesquisa que se vale da razão discursiva. [...]
Buscou-se
em tais dados e linguagem a compreensão da metodologia da pesquisa
científica, em todos os seus aspectos.
b)
Base procedimental: observação
A
observação é a técnica mais utilizada para a coleta de dados, e
se faz presente em toda pesquisa científica, haja vista que é por
meio dela que se realiza a revisão bibliográfica e ou documental do
tema selecionado para investigação. Todavia, embora a literatura
crítica apresente vários tipos de observação, existem basicamente
dois tipos dela: a direta,
ou participante, que constitui uma técnica aplicada in
loco,
ou seja, no local onde se encontra o objeto do estudo; e a indireta,
ou não participante, que constitui uma técnica aplicada à
distância do local onde se encontra o objeto de estudo.
Quer
a observação participante, utilizada por exemplo na pesquisa-ação,
em estudos de casos observacionais e na etnografia participante, quer
a observação não participante, utilizada por exemplo na pesquisa
bibliográfica, na pesquisa documental ou na etnografia não
participante, existem cuidados importantes que precisam ser tomados.
Sobre esse aspecto, Martins (2008, p. 109) salienta:
A
observação consiste em um exame minucioso que requer atenção na
coleta e análise dos dados. Para tanto, a observação deve ser
precedida por um levantamento de referencial teórico e resultados de
outras pesquisas relacionadas ao estudo. Formalmente, é desejável a
construção de um protocolo de observação, que, evidentemente,
fará parte do protocolo do Estudo de Caso. Observar não é apenas
ver. A validade (será que se está observando aquilo que de fato se
deseja observar?) e a confiabilidade, ou fidedignidade (será que
sucessivas observações do mesmo fato ou situação oferecem
resultados semelhantes?) poderão ser atingidas se a observação
for, rigorosamente, controlada e sistemática. Implica em um
planejamento cuidadoso do trabalho e preparação do observador. O
plano delimitará o fenômeno a ser estudado, indicará o que se deve
observar, as maneiras de se observar, a duração, periodicidade,
modo de registros e controles para garantia da validade e
confiabilidade. [...]
A
observação pode ser direta, denominada observação participante
(OP), quando o observador-pesquisador participa dos eventos a serem
estudados, ou pode ser indireta, denominada observação não
participante (ONP), quando o observador-pesquisador se vale somente
da literatura crítica sobre os eventos a serem estudados sem,
contudo, deles participar. Distinguindo os dois tipos de observação,
Martins (2008, p. 25) explana:
[...]
A OP é uma modalidade especial de observação na qual o pesquisador
não é apenas um observador passivo. Ao contrário, o pesquisador
pode assumir uma variedade de funções dentro de um Estudo de Caso e
pode, de fato, participar dos eventos que estão sendo estudados. O
observador-pesquisador precisará ter permissão dos responsáveis
para realizar o levantamento e não ser confundido com elementos que
avaliam, inspecionam ou supervisionam atividades. O grande desafio do
investigador é conseguir aceitação e confiança dos membros do
grupo social onde realiza o trabalho de campo [...]
As principais formas da observação participante são a entrevista, bastante utilizada nos estudos de caso, nas pesquisas de campo em geral, nas biografias e nas etnografias não participantes (VERGARA, 2012; YIN, 2010), e a intervenção, utilizada nas pesquisas-ação (THIOLLENT, 2011). Por sua vez, as principais formas da observação não participante são os levantamentos bibliográficos (dados secundários), os levantamentos documentais (dados primários), e a leitura científica, utilizada em todas as pesquisas quando da revisão da literatura e outras partes (GIL, 1999; 2010; SEVERINO, 2007).
d)
Técnicas de pesquisa:
O
levantamento bibliográfico
O
levantamento bibliográfico visa à coleta de dados secundários, ou
seja, aqueles que já foram submetidos a algum tipo de manipulação,
denominados literatura crítica. Ele é utilizado para a revisão da
literatura e, portanto, necessário a todas as espécies de pesquisa.
Configura-se na técnica de coleta de dados dos livros e dos
trabalhos acadêmicos em geral, tais como TCC’s, monografias,
dissertações, teses, artigos científicos, resenhas científicas,
etc. Os seus instrumentos fundamentais são as bibliografias.
Gil (2010, p. 29) explana sobre tal tipo de pesquisa com os seguintes
dizeres:
A
pesquisa bibliográfica é elaborada com base em material já
publicado. Tradicionalmente, esta modalidade de pesquisa inclui
material impresso, como livros, revistas, jornais, teses,
dissertações e anais de eventos científicos. Todavia, em virtude
da disseminação de novos formatos de informação, estas pesquisas
passaram a incluir outros tipos de fontes, como discos, fitas
magnéticas, CDs, bem como o material disponibilizado pela internet.
Foram
levantadas várias fontes bibliográficas sobre o tema do presente
artigo, percorrendo de forma bastante abrangente, ainda que não
exaustiva, a vasta literatura crítica sobre o tema investigado. Foi
identificada, por meio desse processo, a imensa imprecisão
terminológica, taxonômica e conteudal presente na mesma e
buscou-se, na medida do possível, a sua eliminação.
Análise
de discurso
A
análise de discurso (AD) é a técnica de interpretação de dados
específica para a abordagem qualitativa. Ela está atrelada à
metodologia das pesquisas observacionais, sendo bastante utilizada no
campo das ciências sociais, visando descobrir fatos e causas do
comportamento humano bem como compreender as interações humanas.
Sobre tal técnica, Martins (2008, p. 55 e 58) elucida:
[...]
Ao perseguir o desafio de construir interpretações, a Análise do
Dicurso (AD) parte do pressuposto de que em todo discurso há um
sentido oculto que pode ser captado, o qual, sem uma técnica
apropriada, permanece inacessível. [...] A AD permite conhecer o
significado tanto do que está explícito na mensagem quanto do que
está implícito - não só o que se fala, mas também como se fala.
[...]
A
Análise do Discurso pode demonstrar que o que é lido não é a
realidade, mas apenas um relato da realidade propositadamente
construído de determinado modo, por determinado sujeito.
A
diferença fundamental entre a AD e a AC – Análise de Conteúdo –
é que a primeira é utilizada para analisar e interpretar dados
qualitativos, ao passo que a segunda, dados quantitativos (MARTINS,
2008).
f)
Instrumentos de pesquisa:
o protocolo observacional
O
protocolo
observacional
é o instrumento próprio das pesquisas observacionais. Trata-se de
um meio para se registrar as informações produzidas durante a
observação. Pode ser um caderno, um bloco de anotações, ou mesmo
uma página para rascunho. O objetivo é planificar tudo o que foi
observado sobre o objeto de pesquisa, suas características, suas
variações, as possíveis causas e os possíveis efeitos das
variações, o que foi feito durante a observação, o que não foi
feito durante ela e o (s) seu (s) respectivo (s) porquê (s).
Comumente, o registro das informações no protocolo observacional é
separado em notas
descritivas
(aquilo que se observa de fato) e notas
reflexivas
(as interpretações ou reflexões daquilo que se observa). Sobre
esses aspectos, Creswell (2010, p. 2015) ratifica:
[...]
Os pesquisadores com frequência se engajam em observações
múltiplas no decorrer de um estudo qualitativo e usam um protocolo
observacional
para registrar as informações. Ele pode ser de uma única página,
com uma linha dividindo-a ao meio no sentido longitudinal para
separar as notas
descritivas (retratos
dos participantes, reconstrução de diálogo, descrição do local
físico, relatos de determinados eventos ou atividades) das notas
reflexivas
(os pensamentos pessoais do observador, tais como “especulação,
sentimentos, problemas, ideias, palpites, impressões e preconceitos”
[...]). Também podem ser escritas dessa forma as informações
demográficas sobre o tempo, o local e a data do local de campo onde
ocorreu a observação. [...]
Com
base nos pressupostos apresentados, deduz-se que o protocolo
observacional é instrumento fundamental nas pesquisas observacionais
e que, para não dificultar ou mesmo impedir a sua adequada execução,
ele só pode ser inutilizado quando substituído por outro
instrumento equivalente, tal como o diário de campo.
Considerações
finais
A
pesquisa científica tem grande importância social devido ao seu
poder de transformar a sociedade, resolvendo problemas e
reestruturando processos econômicos, políticos, tecnológicos,
culturais, sociais e até mesmo científicos. Por exemplo, as grandes
revoluções sociais e industriais ocorridas nos últimos séculos
tiveram a sua base nas descobertas científicas (KÖCKE, 1997).
O
método é um elemento muito importante para o desenvolvimento da
ciência porque ele, quando adequado com o objetivo da pesquisa, com
o objeto de estudo e com o problema, direciona a pesquisa da maneira
correta para o conhecimento da verdade, maximizando os resultados
obtidos e minimizando tempo empregado na sua obtenção. Neste
diapasão, pode-se levar em conta as seguintes palavras de Soares
(2003, p. 13):
Como
exemplo da importância do método para o desenvolvimento da ciência,
pode-se lembrar que, no século XIX, objetivando estudar os
neurônios, o médico italiano Camilo Golgi desenvolveu um método
de coloração por prata
que, ao microscópio, revelada toda a estrutura de um neurônio,
incluindo o corpo celular e seus dois principais tipos de projeção
ou prolongamento: os dentritos e os axônios. Com base no uso do
método de coloração por prata de Golgi, o histologista espanhol
Santiago Ramón y Cajal conseguiu marcar as células individuais,
mostrando dessa forma que o tecido neural não era uma massa
contínua, mas uma rede de células distintas.
Hoje,
existem inúmeros e avançados métodos de estudo do sistema nervoso,
os quais são utilizados em conformidade com o objetivo da pesquisa,
com o objeto de estudo e o problema. Por exemplo, um dos métodos
utilizados para o estudo do sistema nervoso é o método de produção
de lesões seletivas
por meio de aplicação múltipla e típica de drogas (neurotoxinas)
ou, ainda, por meio de aplicação de radiação, com a finalidade de
estudar os efeitos de determinada lesão no comportamento de um
animal.
Por
essas razões, realizar adequadamente a pesquisa científica passou a
ser uma tarefa bastante séria e respeitada, dentro e fora do
contexto acadêmico. As instituições de ensino superior e de
pesquisa passaram a adotar métodos mais rigorosos de avaliação de
seus pesquisadores bem como de suas respectivas produções
científicas. Os estudos sobre o tema ganharam maior disseminação e
destaque (SOARES, 2003; TEIXEIRA, 2012).
Entretanto,
apesar dos grandes avanços da ciência, mormente nos últimos
séculos, a sua natureza hipotética a torna provisória, inacabada e
infalível, tal como Soares (2003, p. 13-14) pontua:
Assim,
pode-se afirmar que o conhecimento científico é uma crença
verdadeira e justificada, fato este que nos leva a acreditar que o
conhecimento acha-se essencialmente correlacionado com a verdade.
Apesar
dessa afirmação, não se pode esquecer que a ciência não é
considerada como algo pronto, acabado ou definitivo. Não é a posse
de verdades absolutas e imutáveis, mas uma busca constante de
explicações e soluções, de revisão de seus resultados.
Dentro
desses limites, a justificação das teorias científicas é um
elemento da busca da verdade (mesmo que se saiba que a verdade
absoluta das coisas em seu sentido ontológico ou mesmo empírico
nunca será alcançada). Essa justificação só se constrói com
base em um caminho próprio de cada ciência, ou, em outras palavras,
no método científico, o qual se apresenta como um meio, um caminho
para a busca da verdade.
No
que tange à ética na pesquisa científica, ela é o elemento
propulsor da autêntica cientificidade. Um trabalho não pautado na
ética não merece, não pode e nem deve ser considerado científico.
O respeito pela qualidade da pesquisa produzida só merece o
pesquisador ético. A integridade científica dever ser o principal
aspecto avaliado pelas instituições de ensino superior (IES) e
pesquisa quando das orientações destinadas aos seus pesquisadores
discentes ou docentes. Práticas de combate às más condutas
científicas devem ser disseminadas e defendidas pelas IES e pelos
pesquisadores em suas pesquisas. Os Códigos de Ética, tanto os
nacionais como os internacionais, precisam ser respeitados.
A
ciência está progredindo. Contudo, há barreiras impeditivas para
um maior progresso científico, dentre as principais as imperfeitas
interpretações humanas e as más adequações e ou aplicações dos
métodos de pesquisa por parte dos pesquisadores. O domínio da
língua vernácula e do uso adequado dos três pilares da pesquisa
científica, nesse presente artigo apresentados, cumprem o papel de
minorar a imprecisão terminológica, taxonômica e conteudal sobre o
tema, facilitando a sua compreensão e o seu uso. Portanto, este
artigo tem grande valor contributivo no campo da produção de um
conhecimento razoavelmente seguro, válido, verdadeiro, e, por essa
razão, denominado científico.
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