Blog “Genialidade e Superdotação”, de
autoria de Superdotado Álaze Gabriel.
Autoria:
Maria
Clara S. Salgado Gama. Doutora em Educação Especial pela Universidade de
Colúmbia, Nova Iorque (1998).
Adaptação:
Superdotado Álaze Gabriel.
No
início do século XX, as autoridades francesas solicitaram a Alfredo Binet que
criasse um instrumento pelo qual se pudesse prever quais as crianças que teriam
sucesso nos liceus parisenses. O instrumento criado por Binet testava a
habilidade das crianças nas áreas verbal e lógica, já que os currículos
acadêmicos dos liceus enfatizavam, sobretudo o desenvolvimento da linguagem e
da matemática. Este instrumento deu origem ao primeiro teste de inteligência,
desenvolvido por Terman, na Universidade de Standford, na Califórnia: o
Standford-Binet Intelligence Scale.
Subseqüentes
testes de inteligência e a comunidade de psicometria tiveram enorme influência,
durante este século, sobre a idéia que se tem de inteligência, embora o próprio
Binet (Binet & Simon, 1905 Apud Kornhaber & Gardner, 1989) tenha declarado
que um único número, derivado da performance de uma criança em um teste, não
poderia retratar uma questão tão complexa quanto a inteligência humana. Neste
artigo, pretendo apresentar uma visão de inteligência que aprecia os processos
mentais e o potencial humano a partir do desempenho das pessoas em diferentes
campos do saber.
As
pesquisas mais recentes em desenvolvimento cognitivo e neuropsicologia sugerem
que as habilidades cognitivas são bem mais diferenciadas e mais espcíficas do
que se acreditava (Gardner, I985). Neurologistas têm documentado que o sistema
nervoso humano não é um órgão com propósito único nem tão pouco é infinitamente
plástico. Acredita-se, hoje, que o sistema nervoso seja altamente diferenciado
e que diferentes centros neurais processem diferentes tipos de informação (
Gardner, 1987).
Howard
Gardner, psicólogo da Universidade de Hervard, baseou-se nestas pesquisas para
questionar a tradicional visão da inteligência, uma visão que enfatiza as
habilidades lingüística e lógico-matemética. Segundo Gardner, todos os
indivíduos normais são capazes de uma atuação em pelo menos sete diferentes e,
até certo ponto, independentes áreas intelectuais. Ele sugere que não existem
habilidades gerais, duvida da possibilidade de se medir a inteligência através
de testes de papel e lápis e dá grande importância a diferentes atuações
valorizadas em culturas diversas. Finalmente, ele define inteligência como a
habilidade para resolver problemas ou criar produtos que sejam significativos
em um ou mais ambientes culturais.
A TEORIA
A
Teoria das Inteligências Múltiplas, de Howard Gardner (1985) é uma alternativa
para o conceito de inteligência como uma capacidade inata, geral e única, que
permite aos indivíduos uma performance, maior ou menor, em qualquer área de
atuação. Sua insatisfação com a idéia de QI e com visões unitárias de
inteligência, que focalizam sobretudo as habilidades importantes para o sucesso
escolar, levou Gardner a redefinir inteligência à luz das origens biológicas da
habilidade para resolver problemas. Através da avaliação das atuações de
diferentes profissionais em diversas culturas, e do repertório de habilidades
dos seres humanos na busca de soluções, culturalmente apropriadas, para os seus
problemas, Gardner trabalhou no sentido inverso ao desenvolvimento, retroagindo
para eventualmente chegar às inteligências que deram origem a tais realizações.
Na sua pesquisa, Gardner estudou também:
(
a) o desenvolvimento de diferentes habilidades em crianças normais e crianças
superdotadas;
(b)
adultos com lesões cerebrais e como estes não perdem a intensidade de sua
produção intelectual, mas sim uma ou algumas habilidades, sem que outras
habilidades sejam sequer atingidas;
(c
) populações ditas excepcionais, tais como idiot-savants e autistas, e como os
primeiros podem dispor de apenas uma competência, sendo bastante incapazes nas
demais funções cerebrais, enquanto as crianças autistas apresentam ausências
nas suas habilidades intelectuais;
(d)
como se deu o desenvolvimento cognitivo através dos milênios.
Psicólogo
construtivista muito influenciado por Piaget, Gardner distingue-se de seu
colega de Genebra na medida em que Piaget acreditava que todos os aspectos da
simbolização partem de uma mesma função semiótica, enquanto que ele acredita
que processos psicológicos independentes são empregados quando o indivíduo lida
com símbolos lingüisticos, numéricos gestuais ou outros. Segundo Gardner uma
criança pode ter um desempenho precoce em uma área (o que Piaget chamaria de
pensamento formal) e estar na média ou mesmo abaixo da média em outra (o
equivalente, por exemplo, ao estágio sensório-motor). Gardner descreve o
desenvolvimento cognitivo como uma capacidade cada vez maior de entender e
expressar significado em vários sistemas simbólicos utilizados num contexto
cultural, e sugere que não há uma ligação necessária entre a capacidade ou
estágio de desenvolvimento em uma área de desempenho e capacidades ou estágios
em outras áreas ou domínios (Malkus e col., 1988). Num plano de análise
psicológico, afirma Gardner (1982), cada área ou domínio tem seu sistema
simbólico próprio; num plano sociológico de estudo, cada domínio se caracteriza
pelo desenvolvimento de competências valorizadas em culturas específicas.
Gardner
sugere, ainda, que as habilidades humanas não são organizadas de forma
horizontal; ele propõe que se pense nessas habilidades como organizadas
verticalmente, e que, ao invés de haver uma faculdade mental geral, como a
memória, talvez existam formas independentes de percepção, memória e aprendizado,
em cada área ou domínio, com possíveis semelhanças entre as áreas, mas não
necessariamente uma relação direta.
AS
INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS
Gardner
identificou as inteligências lingúística, lógico-matemática, espacial, musical,
cinestésica, interpessoal e intrapessoal (e posteriormente, em 1999, a
inteligência naturalista, perfazendo oito inteligências: vide em http://www.suapesquisa.com/educacaoesportes/inteligencias_multiplas.htm).
Postula que essas competências intelectuais são relativamente independentes,
têm sua origem e limites genéticos próprios e substratos neuroanatômicos
específicos e dispõem de processos cognitivos próprios. Segundo ele, os seres
humanos dispõem de graus variados de cada uma das inteligências e maneiras
diferentes com que elas se combinam e organizam e se utilizam dessas
capacidades intelectuais para resolver problemas e criar produtos. Gardner
ressalta que, embora estas inteligências sejam, até certo ponto, independentes
uma das outras, elas raramente funcionam isoladamente. Embora algumas ocupações
exemplifiquem uma inteligência, na maioria dos casos as ocupações ilustram bem
a necessidade de uma combinação de inteligências. Por exemplo, um cirurgião
necessita da acuidade da inteligência espacial combinada com a destreza da
cinestésica.
Inteligência
lingüística - Os componentes centrais da inteligência lingüistica são
uma sensibilidade para os sons, ritmos e significados das palavras, além de uma
especial percepção das diferentes funções da linguagem. É a habilidade para
usar a linguagem para convencer, agradar, estimular ou transmitir idéias.
Gardner indica que é a habilidade exibida na sua maior intensidade pelos
poetas. Em crianças, esta habilidade se manifesta através da capacidade para
contar histórias originais ou para relatar, com precisão, experiências vividas.
Inteligência
musical - Esta inteligência se manifesta através de uma habilidade para
apreciar, compor ou reproduzir uma peça musical. Inclui discriminação de sons,
habilidade para perceber temas musicais, sensibilidade para ritmos, texturas e
timbre, e habilidade para produzir e/ou reproduzir música. A criança pequena
com habilidade musical especial percebe desde cedo diferentes sons no seu
ambiente e, freqüentemente, canta para si mesma.
Inteligência
lógico-matemática - Os componentes centrais desta inteligência são
descritos por Gardner como uma sensibilidade para padrões, ordem e sistematização.
É a habilidade para explorar relações, categorias e padrões, através da
manipulação de objetos ou símbolos, e para experimentar de forma controlada; é
a habilidade para lidar com séries de raciocínios, para reconhecer problemas e
resolvê-los. É a inteligência característica de matemáticos e cientistas
Gardner, porém, explica que, embora o talento cientifico e o talento matemático
possam estar presentes num mesmo indivíduo, os motivos que movem as ações dos
cientistas e dos matemáticos não são os mesmos. Enquanto os matemáticos desejam
criar um mundo abstrato consistente, os cientistas pretendem explicar a
natureza. A criança com especial aptidão nesta inteligência demonstra
facilidade para contar e fazer cálculos matemáticos e para criar notações práticas
de seu raciocínio.
Inteligência
espacial - Gardner descreve a inteligência espacial como a capacidade
para perceber o mundo visual e espacial de forma precisa. É a habilidade para
manipular formas ou objetos mentalmente e, a partir das percepções iniciais,
criar tensão, equilíbrio e composição, numa representação visual ou espacial. É
a inteligência dos artistas plásticos, dos engenheiros e dos arquitetos. Em
crianças pequenas, o potencial especial nessa inteligência é percebido através
da habilidade para quebra-cabeças e outros jogos espaciais e a atenção a
detalhes visuais.
Inteligência
cinestésica - Esta inteligência se refere à habilidade para resolver
problemas ou criar produtos através do uso de parte ou de todo o corpo. É a
habilidade para usar a coordenação grossa ou fina em esportes, artes cênicas ou
plásticas no controle dos movimentos do corpo e na manipulação de objetos com
destreza. A criança especialmente dotada na inteligência cinestésica se move
com graça e expressão a partir de estímulos musicais ou verbais demonstra uma
grande habilidade atlética ou uma coordenação fina apurada.
Inteligência
interpessoal - Esta inteligência pode ser descrita como uma habilidade
pare entender e responder adequadamente a humores, temperamentos motivações e
desejos de outras pessoas. Ela é melhor apreciada na observação de
psicoterapeutas, professores, políticos e vendedores bem sucedidos. Na sua
forma mais primitiva, a inteligência interpessoal se manifesta em crianças
pequenas como a habilidade para distinguir pessoas, e na sua forma mais
avançada, como a habilidade para perceber intenções e desejos de outras pessoas
e para reagir apropriadamente a partir dessa percepção. Crianças especialmente
dotadas demonstram muito cedo uma habilidade para liderar outras crianças, uma
vez que são extremamente sensíveis às necessidades e sentimentos de outros.
Inteligência
intrapessoal - Esta inteligência é o correlativo interno da
inteligência interpessoal, isto é, a habilidade para ter acesso aos próprios
sentimentos, sonhos e idéias, para discriminá-los e lançar mão deles na solução
de problemas pessoais. É o reconhecimento de habilidades, necessidades, desejos
e inteligências próprios, a capacidade para formular uma imagem precisa de si
próprio e a habilidade para usar essa imagem para funcionar de forma efetiva.
Como esta inteligência é a mais pessoal de todas, ela só é observável através
dos sistemas simbólicos das outras inteligências, ou seja, através de
manifestações lingüisticas, musicais ou cinestésicas.
O DESENVOLVIMENTO DAS INTELIGÊNCIAS
Na
sua teoria, Gardner propõe que todos os indivíduos, em princípio, têm a
habilidade de questionar e procurar respostas usando todas as inteligências.
Todos os indivíduos possuem, como parte de sua bagagem genética, certas habilidades
básicas em todas as inteligências. A linha de desenvolvimento de cada
inteligência, no entanto, será determinada tanto por fatores genéticos e
neurobiológicos quanto por condições ambientais. Ele propõe, ainda, que cada
uma destas inteligências tem sua forma própria de pensamento, ou de
processamento de informações, além de seu sitema simbólico. Estes sistemas
simbólicos estabelecem o contato entre os aspectos básicos da cognição e a
variedade de papéis e funções culturais.
A
noção de cultura é básica para a Teoria das Inteligências Múltiplas. Com a sua
definição de inteligência como a habilidade para resolver problemas ou criar
produtos que são significativos em um ou mais ambientes culturais, Gardner
sugere que alguns talentos só se desenvolvem porque são valorizados pelo
ambiente. Ele afirma que cada cultura valoriza certos talentos, que devem ser
dominados por uma quantidade de indivíduos e, depois, passados para a geração
seguinte.
Segundo
Gardner, cada domínio, ou inteligência, pode ser visto em termos de uma
seqüência de estágios: enquanto todos os indivíduos normais possuem os estágios
mais básicos em todas as inteligências, os estágios mais sofisticados dependem
de maior trabalho ou aprendizado.
A
seqüência de estágios se inicia com o que Gardner chama de habilidade de padrão
cru. O aparecimento da competência simbólica é visto em bebês quando eles
começam a perceber o mundo ao seu redor. Nesta fase, os bebês apresentam
capacidade de processar diferentes informações. Eles já possuem, no entanto, o
potencial para desenvolver sistemas de símbolos, ou simbólicos.
O
segundo estágio, de simbolizações básicas, ocorre aproximadamente dos dois aos
cinco anos de idade. Neste estágio as inteligências se revelam através dos
sistemas simbólicos. Aqui, a criança demonstra sua habilidade em cada
inteligência através da compreensão e uso de símbolos: a música através de
sons, a linguagem através de conversas ou histórias, a inteligência espacial
através de desenhos etc.
No
estágio seguinte, a criança, depois de ter adquirido alguma competência no uso
das simbolizacões básicas, prossegue para adquirir níveis mais altos de
destreza em domínios valorizados em sua cultura. À medida que as crianças
progridem na sua compreensão dos sistemas simbólicos, elas aprendem os sistemas
que Gardner chama de sistemas de segunda ordem, ou seja, a grafia dos sistemas
(a escrita, os símbolos matemáticos, a música escrita etc.). Nesta fase, os
vários aspectos da cultura têm impacto considerável sobre o desenvolvimento da
criança, uma vez que ela aprimorará os sistemas simbólicos que demonstrem ter
maior eficácia no desempenho de atividades valorizadas pelo grupo cultural.
Assim, uma cultura que valoriza a música terá um maior número de pessoas que
atingirão uma produção musical de alto nível.
Finalmente,
durante a adolescência e a idade adulta, as inteligências se revelam através de
ocupações vocacionais ou não-vocacionais. Nesta fase, o indivíduo adota um
campo específico e focalizado, e se realiza em papéis que são significativos em
sua cultura.
TEORIA
DAS INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS E A EDUCAÇÃO
As
implicações da teoria de Gardner para a educação são claras quando se analisa a
importância dada às diversas formas de pensamento, aos estágios de
desenvolvimento das várias inteligências e à relação existente entre estes
estágios, a aquisição de conhecimento e a cultura.
A
teoria de Gardner apresenta alternativas para algumas práticas educacionais
atuais, oferecendo uma base para:
(a)
o desenvolvimento de avaliações que sejam adequadas às diversas habilidades
humanas (Gardner & Hatch, 1989; Blythe Gardner, 1 990);
(b)
uma educação centrada na criança c com currículos específicos para cada área do
saber (Konhaber & Gardner, 1989); Blythe & Gardner, 1390);
(c)
um ambiente educacional mais amplo e variado, e que dependa menos do
desenvolvimento exclusivo da linguagem e da lógica (Walters & Gardner,
1985; Blythe & Gardner, 1990)
Quanto
à avaliação, Gardner faz uma distinção entre avaliação e testagem. A avaliação,
segundo ele, favorece métodos de levantamento de informações durante atividades
do dia-a-dia, enquanto que testagens geralmente acontecem fora do ambiente
conhecido do indivíduo sendo testado. Segundo Gardner, é importante que se tire
o maior proveito das habilidades individuais, auxiliando os estudantes a
desenvolver suas capacidades intelectuais, e, para tanto, ao invés de usar a
avaliação apenas como uma maneira de classificar, aprovar ou reprovar os
alunos, esta deve ser usada para informar o aluno sobre a sua capacidade e
informar o professor sobre o quanto está sendo aprendido.
Gardner
sugere que a avaliação deve fazer jus à inteligência, isto é, deve dar crédito
ao conteúdo da inteligência em teste. Se cada inteligência tem um certo número
de processos específicos, esses processos têm que ser medidos com instrumento
que permitam ver a inteligência em questão em funcionamento. Para Gardner, a
avaliação deve ser ainda ecologicamente válida, isto é, ela deve ser feita em
ambientes conhecidos e deve utilizar materiais conhecidos das crianças sendo
avaliadas. Este autor também enfatiza a necessidade de avaliar as diferentes
inteligências em termos de suas manifestações culturais e ocupações adultas
específicas. Assim, a habilidade verbal, mesmo na pré-escola, ao invés de ser
medida através de testes de vocabulário, definições ou semelhanças, deve ser
avaliada em manifestações tais como a habilidade para contar histórias ou
relatar acontecimentos. Ao invés de tentar avaliar a habilidade espacial
isoladamente, deve-se observar as crianças durante uma atividade de desenho ou
enquanto montam ou desmontam objetos. Finalmente, ele propõe a avaliação, ao
invés de ser um produto do processo educativo, seja parte do processo
educativo, e do currículo, informando a todo momento de que maneira o currículo
deve se desenvolver.
No
que se refere à educação centrada na criança, Gardner levanta dois pontos
importantes que sugerem a necessidade da individualização. O primeiro diz
respeito ao fato de que, se os indivíduos têm perfis cognitivos tão diferentes
uns dos outros, as escolas deveriam, ao invés de oferecer uma educação
padronizada, tentar garantir que cada um recebesse a educação que favorecesse o
seu potencial individual. O segundo ponto levantado por Gardner é igualmente
importante: enquanto na Idade Média um indivíduo podia pretender tomar posse de
todo o saber universal, hoje em dia essa tarefa é totalmente impossível, sendo
mesmo bastante difícil o domínio de um só campo do saber.
Assim,
se há a necessidade de se limitar a ênfase e a variedade de conteúdos, que essa
limitação seja da escolha de cada um, favorecendo o perfil intelectual
individual.
Quanto
ao ambiente educacional, Gardner chama a atenção pare o fato de que, embora as
escolas declarem que preparam seus alunos pare a vida, a vida certamente não se
limita apenas a raciocínios verbais e lógicos. Ele propõe que as escolas
favoreçam o conhecimento de diversas disciplinas básicas; que encoragem seus
alunos a utilizar esse conhecimento para resolver problemas e efetuar tarefas
que estejam relacionadas com a vida na comunidade a que pertencem; e que
favoreçam o desenvolvimento de combinações intelectuais individuais, a partir
da avaliação regular do potencial de cada um.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Cambridge University Press, p.163-82
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