a) habilidade acima da média em alguma área do conhecimento
(em relação aos pares da mesma idade e origem social e cultural);
b) comprometimento com a tarefa (implica em motivação, vontade
de realizar uma tarefa, perseverança e concentração);
c) criatividade (pensar em algo diferente, ver novos
significados e implicações, retirar idéias de um contexto e usá-las em
outro).
Nem sempre a criança apresenta este conjunto de
traços desenvolvidos igualmente, mas, se lhe forem dadas oportunidades,
poderá vir a desenvolver amplamente todo o seu potencial.
Renzulli discute ainda a importância de se
entender a superdotação como um comportamento que pode ser desenvolvido em
algumas pessoas (naquelas que apresentam alguma habilidade superior à média
da população), em certas ocasiões e sob certas circunstâncias (e não em todas
as circunstâncias da vida de uma pessoa) [Renzulli & Reis, 1997].
Esta diferenciação é importante, pois este autor,
ao considerar a superdotação como um comportamento a ser desenvolvido, retira
a discussão da questão, muitas vezes estéril, de se rotular uma criança como
superdotada ou não, para enfocá-la na necessidade de se oferecer
oportunidades educacionais fundamentais e variadas para que um número maior
de crianças possa desenvolver e apresentar comportamentos de superdotação.
Deste ponto de vista, segue-se que tais
comportamentos podem e devem ser desenvolvidos naquelas pessoas que não são,
necessariamente, as que tiram as melhores notas ou apresentam maiores
resultados em testes de QI.
Frequentemente se confundem termos como
precocidade, "criança prodígio”, gênio ou “hiperatividade” com as Altas
Habilidades/Superdotação.
• Chamamos de precoce a criança que apresenta
alguma habilidade específica prematuramente desenvolvida em qualquer área do
saber ou do fazer como, por exemplo, na música, na matemática, na linguagem,
na leitura, nas habilidades motoras. As crianças precoces tendem a se
equiparar com seus pares, à medida que passa o tempo. A criança com Altas
Habilidades/superdotação pode apresentar precocidade em alguma área, mas os
dois termos não são sinônimos.
• A “criança prodígio” é aquela que apresenta um
desenvolvimento, em alguma área do saber ou do fazer humano, equivalente ao
de um adulto especialista na área. Um exemplo foi a atriz Shirley Temple (que
chegou a ser cogitada para a personagem do filme “O Mágico de Oz”,
interpretada por Judy Garland). Entretanto, a atriz não teve uma performance
tão destacada depois que se tornou adulta. Esse termo, portanto, não é
equivalente de altas habilidades/superdotação.
• Mozart, assim como Einstein, Gandhi, Freud e
Portinari, entre outros mestres, são exemplos de gênios, termo este reservado
para aqueles que deram contribuições extraordinárias à humanidade. São
aqueles raros indivíduos que, até entre os extraordinários, se destacam e
deixam sua marca na história. Certamente os gênios foram pessoas com altas
habilidades/superdotação, mas não toda pessoa com altas
habilidades/superdotação será necessariamente um gênio. Portanto, esses
termos também não são sinônimos.
O transtorno de déficit de atenção e
hiperatividade (TDAH) é um transtorno neurobiológico, de origem genética,
causado por alterações no funcionamento e nas conexões de alguns
neurotransmissores. Os sintomas comuns do TDHA (desatenção, impulsividade e
hiperatividade), muitas vezes, levam a diagnosticar uma criança com Altas
Habilidades/Superdotação como “hiperativa” equivocadamente. Entretanto, sob
hipótese alguma o TDAH é sinônimo de Altas Habilidades/Superdotação.
As pessoas que marcaram a
história por suas contribuições ao conhecimento e à cultura não são lembradas
pelas notas que obtiveram na escola ou pela quantidade de informações que
conseguiam memorizar, mas sim pela qualidade de suas produções criativas,
expressas em concertos, ensaios, filmes, descobertas científicas, etc.
[Renzulli & Reis, 1985]
|
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Sintam-se à vontade para enriquecer a participação nesse blog com seus comentários. Após análise dos mesmos, fornecer-lhe-ei um feedback simples.