Blog "Genialidade e Superdotação", de auoria de Superdotado Álaze Gabriel.
RESUMO
Este artigo tem como objetivo principal apresentar
algumas considerações sobre as dificuldades enfrentadas pelos professores na identificação
e atendimento adequado aos alunos portadores de altas habilidades/superdotação.
O professor precisa estar muito bem preparado para identificar alunos com altas
habilidades/superdotação. Ter o aporte teórico para embasar sua prática
pedagógica, de forma adequada, às necessidades dos alunos que apresentam tais
habilidades. O conhecimento é necessário para que os educadores não confundam
os mesmos com crianças que aprestam transtorno de déficit de atenção com ou sem
hiperatividade. O método utilizado foi a pesquisa bibliográfica em função do
curto espaço de tempo para uma pesquisa de campo. A Pesquisa comprovou a
importância da utilização de recursos materiais e humanos compatíveis com as
necessidades apresentadas pelos portadores de altas habilidades/superdotação.
INTRODUÇÃO
Ao identificar as dificuldades enfrentadas pelos
professores em sala de aula observa-se que as Altas Habilidades/Superdotação
estão entre um dos grandes vilões que influenciam nas relações familiares e
escolares, repercutindo na aprendizagem da criança. Reconhecer que essas
crianças merecem um atendimento à altura de suas potencialidades não é tarefa fácil,
pois, muitas vezes pela deficiência de conteúdos apropriados as aulas se tornam
cansativas provocando o desinteresse do aluno.
Os professores precisam estar muito bem preparados
primeiro para identificar que o aluno possui altas habilidades ou superdotação
e não cair no erro de classificá-lo como hiperativo. Segundo, ao identificar o
aluno como possuidor de altas habilidades, oferecer condições para realizar um
trabalho que contribua com o desenvolvimento desse aluno direcionando-o ao
sucesso e não ao fracasso ou estagnação. Após identificar o aluno como portador
de altas habilidades ou superdotado, o professor precisa buscar recursos e
condições favoráveis que contribuam para uma convivência saudável com os
colegas e que pesem mais as implicações positivas, favorecendo assim as
interações e a integração no contexto escolar.
Assim sendo, esta pesquisa tem relativa importância
no sentido de identificação dos portadores de altas habilidades/superdotação e
contribuir com essas crianças para uma aprendizagem significativa e em caso da
impossibilidade, caso isso ocorra, então que contribua para o encaminhamento a
uma escola que ofereça condições para o desenvolvimento dessas potencialidades.
A falta de um planejamento que atenda essas
potencialidades pode ser considerada como um fator excludente e muitas vezes
responsável pela discriminação da criança que normalmente é tratada como
hiperativa ou sem limites. Cabe ao educador buscar formas de contribuir com o
desempenho dessas crianças e favorecer uma relação aluno/escola/família que
mantenha esse aluno numa dinâmica de motivação.
Para uma melhor compreensão do tema, a pesquisa
desenvolveu-se conforme os objetivos abaixo relacionados: O artigo “O
desenvolvimento das Altas Habilidades/Superdotação em sala de aula” procura
apresentar as características dessas crianças para que possam ter um desempenho
a contento e evoluam na construção do conhecimento de forma que mantenham suas características
como fator positivo e possam, também, avançar na aprendizagem, sem ter o seu
processo de ensino/aprendizagem retardado em função do acompanhamento dos
demais colegas.
A literatura apresenta as normas lançadas pelo MEC,
que criou núcleos em todos os estados para assessorar as escolas que tenham
essa clientela. É necessário, pois, que a escola e a família se unam e busquem
formas adequadas de trabalho para essas crianças, proporcionando o atendimento
das suas necessidades particulares de aprendizagem e criando oportunidades para
que se sintam inseridas num ambiente adequado, digno de suas capacidades e
jamais discriminadas.
MÉTODO
O artigo buscou pesquisar referências em função do
curto espaço de tempo para realizar uma pesquisa de campo. Os autores, com
grande experiência, apontam que professores e pais trilhem caminhos paralelos
que contribuam com a identificação e o desenvolvimento dos alunos superdotados.
Sabe-se que na realidade de nossas escolas há muito o que se questionar sobre o
tema pois, hoje, se uma criança apresenta qualquer inquietação, desrespeitando
comandos ou ordens, já é taxada de hiperativa, o que nem sempre se pode
concordar uma vez que uma criança portadora de altas habilidades/superdotada
está sempre à frente dos colegas, está sempre buscando e exigindo mais
atividades e conteúdos.
O estudo procurou recursos que o professor poderá
se apropriar em sala de aula e as intervenções possíveis para que a criança
tenha um desenvolvimento compatível com o seu tempo e com as suas necessidades
intelectuais. O desenvolvimento das Altas Habilidades/Superdotação em sala de aula
De acordo com as leituras, “o conceito de altas habilidades/superdotação tem
mudado ao longo do tempo e assume diferentes conotações, conforme a cultura”
(Chagas, 2007 apud Solow, 2001). Para comprovar, a autora fala que na cultura
mexicana o conceito de altas habilidades é expresso por um conjunto de
habilidades enquanto que o termo “gifted em inglês sugere que habilidade
superior é um dom sobrenatural ou uma dádiva divina” (Chagas,2007 apud
Virgolim, 1997;Winner,1998). Altas habilidades e superdotação são termos
utilizados aqui no Brasil, onde altas habilidades está mais ligado ao
desempenho enquanto que ‘superdotado’ sugere habilidades extremas. Os vários
conceitos somado aos mitos e preconceitos existentes dificultam tanto o entendimento
sobre esse assunto como também o atendimento adequado ao indivíduo com altas
habilidades/superdotado.
Zevallos descreveu no site Guia Infantil,
comportamentos que os pais devem observar, os quais identificam se a criança é
superdotada:
1- Dorme pouco.
2- Aprende a ler em curto espaço de tempo.
3- Fala sua primeira palavra com seis meses.
4- Diz sua primeira frase com 12 meses.
5- Mantém uma conversação entre 18 e 24 meses. Vocabulário
impróprio para sua idade.
6- Aprende o abecedário e conta até 10 aos dois
anos e meio.
7- Resolve mentalmente problemas de soma e
subtração até 10 com três anos.
8- Pergunta por palavras que não conhece desde os
três anos.
9- Faz perguntas exploratórias com pouca idade.
10- Alta capacidade criativa.
11- Possui uma alta sensibilidade do mundo que o
rodeia.
12- Preocupação com assuntos de moralidade e
justiça.
13- Enérgico e confiante em suas possibilidades.
14- Muito observador e aberto a situações não
usuais.
15- Muito crítico consigo mesmo e com os demais.
16- Grande capacidade de atenção e concentração.
17- Gosta de relacionar-se com as crianças de maior
idade.
18- Baixa autoestima com tendências à quadros
depressivos.
19- Se aborrece na sala de aula porque suas
capacidades superam os programas de estudos convencionais.
20- São, aparentemente, muito distraídos. (sic)
21- Seu pensamento é produtivo mais que
reprodutivo.Baseiam-se na construção das coisas. (sic)
22- Tem muito pouca motivação para com o professor.
23- Chegam a sentir-se incompreendidos, estranhos.(
sic)
24- São independentes e introvertidos. (sic)
As características comportamentais acima descritas
são informações importantes que os pais devem fornecer à escola para que esta
por sua vez, possa agir adequadamente. Sabe-se que os alunos com altas
habilidades/superdotados nem sempre apresentam um comportamento adequado ou o
mesmo interesse por todas as disciplinas. O interesse por uma determinada
disciplina provoca muitas vezes o desinteresse por outras também importantes. O
mau comportamento também pode ser um indicativo de altas habilidades, pois uma
vez que o aluno tem facilidade de compreensão e assimilação dos conteúdos, logo
se cansa, pois o tempo deles é diferente dos demais colegas.
O acima exposto vem derrubar os mitos da
genialidade e da não dependência do professor, ou seja, têm altas habilidades,
mas não são o máximo em tudo e também dependem do suporte do professor. Para
facilitar a identificação desses alunos o MEC preparou uma lista com descrições/características.
Entende o MEC que o aluno que apresentar consistentemente várias características
descritas abaixo, pode ter altas habilidades. Características listadas pelo MEC
(RODRIGUES: 2009):
1. Aprende fácil e rapidamente.
2. É original, imaginativo, criativo, não
convencional.
3. Está sempre bem informado, inclusive em áreas
não comuns.
4. Pensa de forma incomum para resolver problemas.
5. É persistente, independente, autodirecionado
(faz coisa sem que seja mandado).
6. Persuasivo, é capaz de influenciar os outros.
7. Mostra senso comum e pode não tolerar tolices.
8. Inquisitivo e cético, está sempre curioso sobre
o como e o porquê das coisas.
9. Adapta-se com bastante rapidez a novas situações
e a novos ambientes.
10. É esperto ao fazer coisas com materiais comuns.
11. Tem muitas habilidades nas artes (música,
dança, desenho ).
12. Entende a importância da natureza (tempo, Lua,
Sol, estrelas, solo).
13. Tem vocabulário excepcional, é verbalmente
fluente.
14. Aprende facilmente novas línguas.
15. Trabalhador independente.
16 Tem bom julgamento, é lógico.
17. É flexível e aberto.
18. Versátil, tem múltiplos interesses, alguns
deles acima da idade cronológica.
19. Mostra sacadas e percepções incomuns.
20. Demonstra alto nível de sensibilidade e empatia
com os outros.
21. Apresenta excelente senso de humor.
22. Resiste à rotina e à repetição.
23. Expressa ideias e reações, frequentemente, de
forma argumentativa.
24. É sensível à verdade e à honra.
Uma criança com altas habilidades/superdotação não
apresenta, necessariamente, todos os indicadores, mas apresentarão muitos
deles, daí, pois a necessidade de pais e professores estarem atentos para a
identificação desses indicadores e consequentemente poderem auxiliar no
desenvolvimento cognitivo, afetivo além de contribuir para que essas crianças
interajam com seus colegas de forma positiva.
Para a conceituação mais precisa das altas
habilidades tem-se que considerar o contexto onde o indivíduo está inserido
como segundo Chagas, p. 16, “fatores ambientais (ligados à família, ao sistema
educacional e aos valores socioculturais) com traços individuais como coragem,
criatividade, motivação intrínseca, intuição, caráter e
autopercepção”.
O papel da família para o bem estar e
desenvolvimento da criança com altas habilidades é fundamental, pois muitas
vezes, em função das características acima apresentadas, há uma tendência de
confundi-los com TDAH. Nesse sentido, é extremamente importante que os pais
mantenham um contato constante com a escola e também com profissionais
competentes (psicólogos) que possam auxiliar na identificação da melhor forma de
conduzir a criança para o sucesso.
O psicólogo “deve adotar uma postura de
pesquisador, de investigador, com um olhar aguçado de bom observador, de modo a
realizar uma leitura mais objetiva dos dados coletados”. (GUIMARÃES, 2007,
p.79). O papel do professor também é fundamental para a identificação das altas
habilidades, pois através da observação e dos recursos possíveis ele pode
identificar a participação destacada do aluno e assim estimular e facilitar o
desenvolvimento do mesmo.
Os superdotados caracteriza-se por três traços
marcantes que são: Criatividade, capacidade acima da média e envolvimento com
as tarefas. (CHAGAS, 2007) Alencar (2007, p.157) sugere aos professores,
estratégias que tornem as aulas prazerosas e instigantes para serem trabalhadas
com os alunos:
a) Não se restrinja a exercícios e atividades que
possibilitem apenas uma única resposta correta. Utilize também exercícios que
instiguem os alunos serem o mais original possível em suas respostas.
b) Valorize as ideias originais de seus alunos.
c) Uma ideia original é apenas o primeiro passo.
Lembre os alunos da importância de rever e refinar as ideias criativas.
d) Encoraje os alunos a apresentar e defender as
suas ideias.
e) Acentue o que cada aluno tem de melhor e informe-o
sobre os seus “pontos fortes”.
f) Desenvolva atividades que requeiram dos alunos
iniciativa e independência.
g) Estimule a curiosidade dos alunos por meio das
tarefas propostas em sala de aula.
h) Faça perguntas desafiadoras, que motivem os
alunos a pensar e raciocinar.
i) Dê tempo aos alunos para pensar e desenvolver
ideias novas.
j) Dê chances aos alunos para discordar de seus
pontos de vista.
k) Diversifique as metodologias de ensino
utilizadas em sala de aula.
l) Instigue nos alunos a confiança em suas
competências e capacidades.
m) Exponha os alunos apenas a críticas
construtivas.
n) Estimule os alunos a utilizar as técnicas de
resolução criativa de problemas (como tempestade de ideias) nos seus projetos
de ciência, atividades artísticas e redação, com vistas a alcançar um produto
mais criativo.
o) Exponha os alunos a vários tipos de tarefas e
atividades que requeiram tanto o uso do pensamento criativo quanto de outras
habilidades, como análise, síntese e avaliação.
p) Ajude os alunos a se libertarem do medo de
cometer erros, manifestando tolerância e respeito pelas suas ideias, questões e
produções.
q) Proteja as produções dos alunos da crítica
destrutiva e da zombaria dos colegas.
r) Reconheça que a criatividade incorpora uma
variedade de processos(resolução de problemas, pensamento divergente,
pensamento convergente) e uma série de fatores motivacionais e de personalidade
(autoconceito, autoconfiança, curiosidade, flexibilidade, motivação
intrínseca).
s) Elogie os esforços e a persistência de seus
alunos na realização das tarefas propostas.
t) Incentive os alunos a ampliar o seu conhecimento
a respeito de tópicos que sejam do seu interesse.
u) Cultive em sala de aula um clima de descontração,
afeto, compreensão e confiança, de tal modo que os alunos se sintam à vontade
para se expressar, compartilhar ideias e questionar, interessados em cooperar
no projeto educativo.
v) Lembre-se que os alunos expressam de forma mais
plena as suas habilidades criativas quando realizam atividades que lhes dão
prazer. Como manter vivo o prazer de aprender deve ser alvo de atenção de todos
os professores, é relevante também que os alunos percebam em seus professores o
prazer de aprender que caracteriza o docente que tem uma relação amorosa com o
conhecimento,com as disciplinas sob sua responsabilidade. Essa relação amorosa
é chamada por Renzulli (1992) de ‘romance com a disciplina’, apontada por ele
como uma das características centrais do professor que promove o
desenvolvimento da produtividade criativa em seus alunos.
Para os gestores, Alencar (2007, p. 158) sugere
para:
a) Encorajar os professores a experimentar novas
práticas pedagógicas.
b) Evitar sobrecarregar o professor com tarefas
pouco relacionadas às atividades
docentes.
c) Respeitar opiniões divergentes das suas.
d) Facilitar a comunicação entre os professores e a
troca de experiências bem-sucedidas.
e) Promover na escola um clima de respeito,
confiança e estímulo ao trabalho docente.
f) Compartilhar com os professores livros e artigos
relacionados à criatividade e ao modo de promovê-la na vida pessoal e
profissional.
CONSIDERAÇÕES
FINAIS
A bibliografia pesquisada apresenta três traços
marcantes na identificação do superdotados: capacidade acima da média,
criatividade e envolvimento com as tarefas Entende-se que estes aspectos são
pontos de partida para aprofundar a identificação de outra características
apresentadas neste artigo, que comprovam as altas habilidades/superdotação.
Daí a importância da relação família/escola para a
identificação de outros comportamento característicos que a criança apresenta e
que são determinantes para a superdotação. A estratégias apresentadas neste
artigo contribuem para que os professores ao identificarem u superdotado,
construam suas aulas com conteúdos que estimulem estes alunos e que o mesmos
tenham um desenvolvimento à altura de suas potencialidades. Entende-se, pois,
que atividades as quais desenvolvam a criatividade, instiguem, questionem,
desafiem o pensamento além da valoração dos pontos fortes, da flexibilidade, da
diversidade de metodologias são estratégias importantes para serem utilizadas,
tornando as aulas prazerosas e interessantes.Tanto o professor quanto o aluno com
altas habilidades/superdotação merecem recursos e condições mínimas necessárias
para o desenvolvimento adequado, podendo esse aluno ter uma convivência
saudável interagindo positivamente com toda a comunidade escolar e assim sendo,
ter condições de construir uma aprendizagem significativa. Vale 10 lembrar
também a importância do trabalho conjunto entre escola e família para que
juntos possam contribuir com o bem-estar do aluno e que se faça cumprir a
legislação vigente.
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
ALENCAR, Eunice M. L. Soriano de. O papel da escola
na estimulação do talento criativo.
In: FLEITH, Denise de Souza; ALENCAR,Eunice M.L.
Soriano de(Org.). Desenvolvimento de Talentos e Altas Habilidades – Orientação
a pais e professores. Porto Alegre:Artmed, 2007. p. 151-161.
CHAGAS, Jane
Farias. Conceituação e fatores individuais, familiares e culturais relacionados
às altas habilidades. In: FLEITH, Denise de Souza;
ALENCAR,Eunice M.L. Soriano de(Org.).
Desenvolvimento de Talentos e Altas Habilidades – Orientação a pais e professores.
Porto Alegre:Artmed, 2007. p. 15-23.
GUIMARÃES, Tânia Gonzaga. Avaliação psicológica de
alunos com altas habilidades. In:
FLEITH, Denise de Souza; ALENCAR,Eunice M.L.
Soriano de(Org.). Desenvolvimento de Talentos e Altas Habilidades – Orientação
a pais e professores.Porto Alegre:Artmed,2007. p. 79-85.
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Cartilha Altas Habilidades
P65. Projeto Escola Viva - Garantindo o acesso e permanência de todos os alunos
na escola -Alunos com necessidades educacionais especiais. Brasília, Secretaria
de Educação Especial, 2002. Disponível em: http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/
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RODRIGUES, Cinthia. Como atender alunos com altas
habilidades. Revista Nova Escola, São Paulo, n. 224, p. 86-89, agosto 2009.
ZEVALLOS, Pablo. Como posso saber se meu filho é
uma criança superdotada.
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