quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

RECONHECENDO ALUNOS COM ALTAS HABILIDADES/SUPERDOTAÇÃO – AH/SD

Blog "Genialidade e Superdotação", de auoria de Superdotado Álaze Gabriel.





RESUMO




Este artigo tem como objetivo principal apresentar algumas considerações sobre as dificuldades enfrentadas pelos professores na identificação e atendimento adequado aos alunos portadores de altas habilidades/superdotação. O professor precisa estar muito bem preparado para identificar alunos com altas habilidades/superdotação. Ter o aporte teórico para embasar sua prática pedagógica, de forma adequada, às necessidades dos alunos que apresentam tais habilidades. O conhecimento é necessário para que os educadores não confundam os mesmos com crianças que aprestam transtorno de déficit de atenção com ou sem hiperatividade. O método utilizado foi a pesquisa bibliográfica em função do curto espaço de tempo para uma pesquisa de campo. A Pesquisa comprovou a importância da utilização de recursos materiais e humanos compatíveis com as necessidades apresentadas pelos portadores de altas habilidades/superdotação.


INTRODUÇÃO


Ao identificar as dificuldades enfrentadas pelos professores em sala de aula observa-se que as Altas Habilidades/Superdotação estão entre um dos grandes vilões que influenciam nas relações familiares e escolares, repercutindo na aprendizagem da criança. Reconhecer que essas crianças merecem um atendimento à altura de suas potencialidades não é tarefa fácil, pois, muitas vezes pela deficiência de conteúdos apropriados as aulas se tornam cansativas provocando o desinteresse do aluno.

Os professores precisam estar muito bem preparados primeiro para identificar que o aluno possui altas habilidades ou superdotação e não cair no erro de classificá-lo como hiperativo. Segundo, ao identificar o aluno como possuidor de altas habilidades, oferecer condições para realizar um trabalho que contribua com o desenvolvimento desse aluno direcionando-o ao sucesso e não ao fracasso ou estagnação. Após identificar o aluno como portador de altas habilidades ou superdotado, o professor precisa buscar recursos e condições favoráveis que contribuam para uma convivência saudável com os colegas e que pesem mais as implicações positivas, favorecendo assim as interações e a integração no contexto escolar.

Assim sendo, esta pesquisa tem relativa importância no sentido de identificação dos portadores de altas habilidades/superdotação e contribuir com essas crianças para uma aprendizagem significativa e em caso da impossibilidade, caso isso ocorra, então que contribua para o encaminhamento a uma escola que ofereça condições para o desenvolvimento dessas potencialidades.

A falta de um planejamento que atenda essas potencialidades pode ser considerada como um fator excludente e muitas vezes responsável pela discriminação da criança que normalmente é tratada como hiperativa ou sem limites. Cabe ao educador buscar formas de contribuir com o desempenho dessas crianças e favorecer uma relação aluno/escola/família que mantenha esse aluno numa dinâmica de motivação.

Para uma melhor compreensão do tema, a pesquisa desenvolveu-se conforme os objetivos abaixo relacionados: O artigo “O desenvolvimento das Altas Habilidades/Superdotação em sala de aula” procura apresentar as características dessas crianças para que possam ter um desempenho a contento e evoluam na construção do conhecimento de forma que mantenham suas características como fator positivo e possam, também, avançar na aprendizagem, sem ter o seu processo de ensino/aprendizagem retardado em função do acompanhamento dos demais colegas.

A literatura apresenta as normas lançadas pelo MEC, que criou núcleos em todos os estados para assessorar as escolas que tenham essa clientela. É necessário, pois, que a escola e a família se unam e busquem formas adequadas de trabalho para essas crianças, proporcionando o atendimento das suas necessidades particulares de aprendizagem e criando oportunidades para que se sintam inseridas num ambiente adequado, digno de suas capacidades e jamais discriminadas.


MÉTODO


O artigo buscou pesquisar referências em função do curto espaço de tempo para realizar uma pesquisa de campo. Os autores, com grande experiência, apontam que professores e pais trilhem caminhos paralelos que contribuam com a identificação e o desenvolvimento dos alunos superdotados. Sabe-se que na realidade de nossas escolas há muito o que se questionar sobre o tema pois, hoje, se uma criança apresenta qualquer inquietação, desrespeitando comandos ou ordens, já é taxada de hiperativa, o que nem sempre se pode concordar uma vez que uma criança portadora de altas habilidades/superdotada está sempre à frente dos colegas, está sempre buscando e exigindo mais atividades e conteúdos.

O estudo procurou recursos que o professor poderá se apropriar em sala de aula e as intervenções possíveis para que a criança tenha um desenvolvimento compatível com o seu tempo e com as suas necessidades intelectuais. O desenvolvimento das Altas Habilidades/Superdotação em sala de aula De acordo com as leituras, “o conceito de altas habilidades/superdotação tem mudado ao longo do tempo e assume diferentes conotações, conforme a cultura” (Chagas, 2007 apud Solow, 2001). Para comprovar, a autora fala que na cultura mexicana o conceito de altas habilidades é expresso por um conjunto de habilidades enquanto que o termo “gifted em inglês sugere que habilidade superior é um dom sobrenatural ou uma dádiva divina” (Chagas,2007 apud Virgolim, 1997;Winner,1998). Altas habilidades e superdotação são termos utilizados aqui no Brasil, onde altas habilidades está mais ligado ao desempenho enquanto que ‘superdotado’ sugere habilidades extremas. Os vários conceitos somado aos mitos e preconceitos existentes dificultam tanto o entendimento sobre esse assunto como também o atendimento adequado ao indivíduo com altas habilidades/superdotado.

Zevallos descreveu no site Guia Infantil, comportamentos que os pais devem observar, os quais identificam se a criança é superdotada:


1- Dorme pouco.

2- Aprende a ler em curto espaço de tempo.

3- Fala sua primeira palavra com seis meses.

4- Diz sua primeira frase com 12 meses.

5- Mantém uma conversação entre 18 e 24 meses. Vocabulário impróprio para sua idade.

6- Aprende o abecedário e conta até 10 aos dois anos e meio.

7- Resolve mentalmente problemas de soma e subtração até 10 com três anos.

8- Pergunta por palavras que não conhece desde os três anos.

9- Faz perguntas exploratórias com pouca idade.

10- Alta capacidade criativa.

11- Possui uma alta sensibilidade do mundo que o rodeia.

12- Preocupação com assuntos de moralidade e justiça.

13- Enérgico e confiante em suas possibilidades.

14- Muito observador e aberto a situações não usuais.

15- Muito crítico consigo mesmo e com os demais.

16- Grande capacidade de atenção e concentração.

17- Gosta de relacionar-se com as crianças de maior idade.

18- Baixa autoestima com tendências à quadros depressivos.

19- Se aborrece na sala de aula porque suas capacidades superam os programas de estudos convencionais.

20- São, aparentemente, muito distraídos. (sic)

21- Seu pensamento é produtivo mais que reprodutivo.Baseiam-se na construção das coisas. (sic)

22- Tem muito pouca motivação para com o professor.

23- Chegam a sentir-se incompreendidos, estranhos.( sic)

24- São independentes e introvertidos. (sic)


As características comportamentais acima descritas são informações importantes que os pais devem fornecer à escola para que esta por sua vez, possa agir adequadamente. Sabe-se que os alunos com altas habilidades/superdotados nem sempre apresentam um comportamento adequado ou o mesmo interesse por todas as disciplinas. O interesse por uma determinada disciplina provoca muitas vezes o desinteresse por outras também importantes. O mau comportamento também pode ser um indicativo de altas habilidades, pois uma vez que o aluno tem facilidade de compreensão e assimilação dos conteúdos, logo se cansa, pois o tempo deles é diferente dos demais colegas.

O acima exposto vem derrubar os mitos da genialidade e da não dependência do professor, ou seja, têm altas habilidades, mas não são o máximo em tudo e também dependem do suporte do professor. Para facilitar a identificação desses alunos o MEC preparou uma lista com descrições/características. Entende o MEC que o aluno que apresentar consistentemente várias características descritas abaixo, pode ter altas habilidades. Características listadas pelo MEC (RODRIGUES: 2009):


1. Aprende fácil e rapidamente.

2. É original, imaginativo, criativo, não convencional.

3. Está sempre bem informado, inclusive em áreas não comuns.

4. Pensa de forma incomum para resolver problemas.

5. É persistente, independente, autodirecionado (faz coisa sem que seja mandado).

6. Persuasivo, é capaz de influenciar os outros.

7. Mostra senso comum e pode não tolerar tolices.

8. Inquisitivo e cético, está sempre curioso sobre o como e o porquê das coisas.

9. Adapta-se com bastante rapidez a novas situações e a novos ambientes.

10. É esperto ao fazer coisas com materiais comuns.

11. Tem muitas habilidades nas artes (música, dança, desenho ).

12. Entende a importância da natureza (tempo, Lua, Sol, estrelas, solo).

13. Tem vocabulário excepcional, é verbalmente fluente.

14. Aprende facilmente novas línguas.

15. Trabalhador independente.

16 Tem bom julgamento, é lógico.

17. É flexível e aberto.

18. Versátil, tem múltiplos interesses, alguns deles acima da idade cronológica.

19. Mostra sacadas e percepções incomuns.

20. Demonstra alto nível de sensibilidade e empatia com os outros.

21. Apresenta excelente senso de humor.

22. Resiste à rotina e à repetição.

23. Expressa ideias e reações, frequentemente, de forma argumentativa.

24. É sensível à verdade e à honra.


Uma criança com altas habilidades/superdotação não apresenta, necessariamente, todos os indicadores, mas apresentarão muitos deles, daí, pois a necessidade de pais e professores estarem atentos para a identificação desses indicadores e consequentemente poderem auxiliar no desenvolvimento cognitivo, afetivo além de contribuir para que essas crianças interajam com seus colegas de forma positiva.

Para a conceituação mais precisa das altas habilidades tem-se que considerar o contexto onde o indivíduo está inserido como segundo Chagas, p. 16, “fatores ambientais (ligados à família, ao sistema educacional e aos valores socioculturais) com traços individuais como coragem, criatividade, motivação intrínseca, intuição, caráter e

autopercepção”.

O papel da família para o bem estar e desenvolvimento da criança com altas habilidades é fundamental, pois muitas vezes, em função das características acima apresentadas, há uma tendência de confundi-los com TDAH. Nesse sentido, é extremamente importante que os pais mantenham um contato constante com a escola e também com profissionais competentes (psicólogos) que possam auxiliar na identificação da melhor forma de conduzir a criança para o sucesso.

O psicólogo “deve adotar uma postura de pesquisador, de investigador, com um olhar aguçado de bom observador, de modo a realizar uma leitura mais objetiva dos dados coletados”. (GUIMARÃES, 2007, p.79). O papel do professor também é fundamental para a identificação das altas habilidades, pois através da observação e dos recursos possíveis ele pode identificar a participação destacada do aluno e assim estimular e facilitar o desenvolvimento do mesmo.

Os superdotados caracteriza-se por três traços marcantes que são: Criatividade, capacidade acima da média e envolvimento com as tarefas. (CHAGAS, 2007) Alencar (2007, p.157) sugere aos professores, estratégias que tornem as aulas prazerosas e instigantes para serem trabalhadas com os alunos:


a) Não se restrinja a exercícios e atividades que possibilitem apenas uma única resposta correta. Utilize também exercícios que instiguem os alunos serem o mais original possível em suas respostas.

b) Valorize as ideias originais de seus alunos.

c) Uma ideia original é apenas o primeiro passo. Lembre os alunos da importância de rever e refinar as ideias criativas.

d) Encoraje os alunos a apresentar e defender as suas ideias.

e) Acentue o que cada aluno tem de melhor e informe-o sobre os seus “pontos fortes”.

f) Desenvolva atividades que requeiram dos alunos iniciativa e independência.

g) Estimule a curiosidade dos alunos por meio das tarefas propostas em sala de aula.

h) Faça perguntas desafiadoras, que motivem os alunos a pensar e raciocinar.

i) Dê tempo aos alunos para pensar e desenvolver ideias novas.

j) Dê chances aos alunos para discordar de seus pontos de vista.

k) Diversifique as metodologias de ensino utilizadas em sala de aula.

l) Instigue nos alunos a confiança em suas competências e capacidades.

m) Exponha os alunos apenas a críticas construtivas.

n) Estimule os alunos a utilizar as técnicas de resolução criativa de problemas (como tempestade de ideias) nos seus projetos de ciência, atividades artísticas e redação, com vistas a alcançar um produto mais criativo.

o) Exponha os alunos a vários tipos de tarefas e atividades que requeiram tanto o uso do pensamento criativo quanto de outras habilidades, como análise, síntese e avaliação.

p) Ajude os alunos a se libertarem do medo de cometer erros, manifestando tolerância e respeito pelas suas ideias, questões e produções.

q) Proteja as produções dos alunos da crítica destrutiva e da zombaria dos colegas.

r) Reconheça que a criatividade incorpora uma variedade de processos(resolução de problemas, pensamento divergente, pensamento convergente) e uma série de fatores motivacionais e de personalidade (autoconceito, autoconfiança, curiosidade, flexibilidade, motivação intrínseca).

s) Elogie os esforços e a persistência de seus alunos na realização das tarefas propostas.

t) Incentive os alunos a ampliar o seu conhecimento a respeito de tópicos que sejam do seu interesse.

u) Cultive em sala de aula um clima de descontração, afeto, compreensão e confiança, de tal modo que os alunos se sintam à vontade para se expressar, compartilhar ideias e questionar, interessados em cooperar no projeto educativo.

v) Lembre-se que os alunos expressam de forma mais plena as suas habilidades criativas quando realizam atividades que lhes dão prazer. Como manter vivo o prazer de aprender deve ser alvo de atenção de todos os professores, é relevante também que os alunos percebam em seus professores o prazer de aprender que caracteriza o docente que tem uma relação amorosa com o conhecimento,com as disciplinas sob sua responsabilidade. Essa relação amorosa é chamada por Renzulli (1992) de ‘romance com a disciplina’, apontada por ele como uma das características centrais do professor que promove o desenvolvimento da produtividade criativa em seus alunos.


Para os gestores, Alencar (2007, p. 158) sugere para:


a) Encorajar os professores a experimentar novas práticas pedagógicas.

b) Evitar sobrecarregar o professor com tarefas pouco relacionadas às atividades

docentes.

c) Respeitar opiniões divergentes das suas.

d) Facilitar a comunicação entre os professores e a troca de experiências bem-sucedidas.

e) Promover na escola um clima de respeito, confiança e estímulo ao trabalho docente.

f) Compartilhar com os professores livros e artigos relacionados à criatividade e ao modo de promovê-la na vida pessoal e profissional.


CONSIDERAÇÕES FINAIS


A bibliografia pesquisada apresenta três traços marcantes na identificação do superdotados: capacidade acima da média, criatividade e envolvimento com as tarefas Entende-se que estes aspectos são pontos de partida para aprofundar a identificação de outra características apresentadas neste artigo, que comprovam as altas habilidades/superdotação.

Daí a importância da relação família/escola para a identificação de outros comportamento característicos que a criança apresenta e que são determinantes para a superdotação. A estratégias apresentadas neste artigo contribuem para que os professores ao identificarem u superdotado, construam suas aulas com conteúdos que estimulem estes alunos e que o mesmos tenham um desenvolvimento à altura de suas potencialidades. Entende-se, pois, que atividades as quais desenvolvam a criatividade, instiguem, questionem, desafiem o pensamento além da valoração dos pontos fortes, da flexibilidade, da diversidade de metodologias são estratégias importantes para serem utilizadas, tornando as aulas prazerosas e interessantes.Tanto o professor quanto o aluno com altas habilidades/superdotação merecem recursos e condições mínimas necessárias para o desenvolvimento adequado, podendo esse aluno ter uma convivência saudável interagindo positivamente com toda a comunidade escolar e assim sendo, ter condições de construir uma aprendizagem significativa. Vale 10 lembrar também a importância do trabalho conjunto entre escola e família para que juntos possam contribuir com o bem-estar do aluno e que se faça cumprir a legislação vigente.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


ALENCAR, Eunice M. L. Soriano de. O papel da escola na estimulação do talento criativo.

In: FLEITH, Denise de Souza; ALENCAR,Eunice M.L. Soriano de(Org.). Desenvolvimento de Talentos e Altas Habilidades – Orientação a pais e professores. Porto Alegre:Artmed, 2007. p. 151-161.

ANDRÉS, Aparecida. Educação de Alunos Superdotados/Altas Habilidades-Legislação e Normas Nacionais - Legislação e Normas Internacionais. Biblioteca Digital da Câmara dos Deputados. 2010. Disponível em : http://bd.camara.gov.br/bd/bitstream/handle/bdcamara/3202/educacao_alunos_aparecida. pdf?sequence=1. Acesso em 30.05.11.

 CHAGAS, Jane Farias. Conceituação e fatores individuais, familiares e culturais relacionados às altas habilidades. In: FLEITH, Denise de Souza;

ALENCAR,Eunice M.L. Soriano de(Org.). Desenvolvimento de Talentos e Altas Habilidades – Orientação a pais e professores. Porto Alegre:Artmed, 2007. p. 15-23.

GUIMARÃES, Tânia Gonzaga. Avaliação psicológica de alunos com altas habilidades. In:

FLEITH, Denise de Souza; ALENCAR,Eunice M.L. Soriano de(Org.). Desenvolvimento de Talentos e Altas Habilidades – Orientação a pais e professores.Porto Alegre:Artmed,2007. p. 79-85.

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Cartilha Altas Habilidades P65. Projeto Escola Viva - Garantindo o acesso e permanência de todos os alunos na escola -Alunos com necessidades educacionais especiais. Brasília, Secretaria de Educação Especial, 2002. Disponível em: http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/ me000452.pdf. Acesso em 03.07.10.

RODRIGUES, Cinthia. Como atender alunos com altas habilidades. Revista Nova Escola, São Paulo, n. 224, p. 86-89, agosto 2009.

ZEVALLOS, Pablo. Como posso saber se meu filho é uma criança superdotada.




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